Quem há tempos acompanha a obra de Laurel Halo sabe da capacidade da cantora, compositora e produtora norte-americana em adotar uma nova identidade a cada registro autoral. Foi assim com o lançamento de Quarantine (2012), trabalho em que flerta com o mesmo pop etéreo de Julia Holter, mas que assume novo direcionamento estético no álbum seguinte, o eletrônico Chance of Rain (2013). Instantes de propositada ruptura criativa e busca por diferentes possibilidades, direcionamento também evidente na entrega dos posteriores Dust (2017) e Raw Silk Uncut Wood (2018).

É justamente dentro desse cenário marcado pelo incerto que a artista residente em Berlim entrega ao público a labiríntica Hyphae. Originalmente apresentada há dois anos, como parte da trilha sonora do filme Possessed (2018), de Metahaven e Rob Schröder, a canção ganha uma versão digital como parte da campanha de lançamento para o registro físico do material. São pouco mais de seis minutos em que Halo sintetiza grande parte da própria identidade criativa, transitando em meio a pianos inexatos, ruídos eletrônicos e a permanente desconstrução das formas instrumentais.

Laurel Halo – Hyphae