Miojo Indie Mixtape “4:20” Edition

/ Por: Cleber Facchi 27/04/2012

.

Para eternizar esse clima de sexta-feira e acabar de vez com qualquer preocupação, preparamos uma seleção de músicas que devem fazer você flutuar. É a Miojo Indie Mixtape 4:20 Edition, uma dúzia de composições imersas em uma densa névoa doce e de aroma peculiar. Um agradável conjunto de faixas tomadas pela leveza, batidas cadenciadas e vocais arrastados cheios de eco, referências mais do que indicadas para quem pretende tirar os pés do chão e manter a cabeça lá em cima. Para a seleção, apenas músicas lançadas em 2012 e de preferência nos últimos meses ou semanas.

Atenção: ouvir essa mixtape pode causar leseira, perda de memória e fome intensa.

DOWNLOAD

___________________________________________________________________________________________________

#01. Curumin – Treme Terra

Ao se aproximar da música eletrônica no terceiro e mais novo álbum da carreira, Arrocha, o cantor paulistano Curumin acabou revelando todo um novo conjunto de acertos e referências tão surpreendentes quanto as testadas previamente por ele. Melhor exemplo de todo o conjunto de sons que passeiam pelo álbum está em Treme Terra, música que agrega um colosso de batidas suaves, doses imoderadas de reverberações típicas do dub e os vocais suingados do cantor.

#02. Peaking Lights – Lo-Hi

Nosso casal lisérgico favorito prepara para o dia 18 de junho o lançamento do segundo registro em estúdio da banda, Lucifer. Enquanto o demoníaco registro não chega, nada melhor do que mergulhar na nuvem de fumaça que a dupla sopra em Lo-Hi, música que condensa todos os elementos do último álbum – 936 – de forma surpreendentemente leve e descompromissada. Sobra até para o filho do casal fazer uma participação no decorrer da música que brinca com o reggae e o lo-fi.

#03. Céu – Asfalto e Sol

Com o lançamento do terceiro álbum de estúdio – Caravana Sereia Bloom – Céu resolveu se afastar levemente das experiências chapadas do disco anterior, o doce Vagarosa. Entretanto, a aproximação com a música brega e o rock dos anos 1970 não impedem que em algumas canções a paulistana mergulhe fundo na suavidade do dub e do reggae. Exemplo mais consistente disso está na lesada Asfalto e Sol, música que desce tranquila nos ouvidos do espectador.

#04. Death Grips – The Cage

A chegada de The Money Story, segundo álbum da carreira do Death Grips, serviu para afastar o coletivo californiano das esquizofrenias drogadas do disco anterior e aproximar o grupo de um som mais eletrônico. Contudo, é possível encontrar no decorrer da obra uma série de composições mais leves e tomadas pelos mesmos beats arrastados que se escondiam no denso Exmilitary, algo que The Cage representa por meio de uma sonoridade dançante e um ar leve de descanso.

#05. Mahmundi – Quase Sempre

Nos poucos momentos em que se afasta da década de 1980, Marcela Vale absorve o que há de mais suave e caseiro na música contemporânea. Logo não é difícil encontrar traços decisivos daquilo que Neon Indian, Toro Y Moi e todo o conjunto de artistas integrantes da cena Chillwave vêm promovendo nesses últimos anos. Um resultado que a carioca absorve de forma criativa dentro da melancólica Quase Sempre, uma das seis composições que integram o primeiro (e adorável) trabalho da artista, Efeito das Cores.

#06. Actress – Shadow From Tartarus

Ao lançar R.I.P., o segundo álbum à frente do Actress, Darren Cunningham não apenas fez nascer um dos melhores trabalhos do ano, como escreveu de vez o próprio nome na cena eletrônica. Apoiado em formas minimalistas, o produtor amarrou todas as referências que compõem o panorama musical dos anos 1990, tudo isso explorado de forma particular e complexa. Resultado mais intenso disso, Shadow From Tartarus rompe com a suavidade do álbum e arrasta o ouvinte para uma soma de batidas densas e sons que arranham com leveza o espectador.

#07. Psilosamples – Bom Dia Menina Pelada!

De um lado estão as batidas, as referências sintéticas e todos os mecanismos típicos da eletrônica convencional. No outro oposto samples de animais, sons genuinamente brasileiros e uma aura orgânica que vem diretamente do interior. No meio desse pequeno turbilhão está Zé Rolê e o Psilosamples, provavelmente o autor do projeto mais criativo da música nacional em tempos. Ainda não confia no trabalho do produtor? Apenas ouça essa música que você irá se surpreender.

#08. Purity Ring – Obedear

Recém lançada, Obedear é uma prova de que as expectativas para o primeiro álbum da dupla Purity Ring devem permanecer altas. Muito mais consistente que as antigas criações do casal, a faixa possibilita que o espectador mergulhe em um confortável plano de batidas doces e vocais sintetizados que buscam referências tanto na psicodelia como na eletrônica moderna.

#09. Grimes – Vowels = Space and Time

Com o lançamento de Visions no começo do ano, Claire Boucher provou não existirem limites para suas composições. Seja reconfigurando a eletrônica ou a própria música pop, a artista canadense deu formas ilimitadas ao distinto registro, que entre as principais composições traz a leve (e robótica) Vowels = Space and Time. Misto de synthpop com um pouco de LSD e Björk, a canção representa toda a diversidade que se apodera do trabalho da artista.

#10. Lucas Santtana – Vamos andar pela cidade

Única música instrumental do mais novo álbum de Lucas Santtana – O Deus Que Devasta, Mas Também Cura -, a rapidinha Vamos andar pela cidade revela o lado Ska do disco, que entre outras coisas reforça a melancolia e todo um novo universo de referências particulares do compositor. Com uma condução leve e os naipes de metais passeando ao fundo, a canção traz ao disco um respiro e uma preparação, afinal, é ela que introduz a chegada da dolorosa Para Onde Irá Essa Noite?

#11. jj – Beautiful Life

Há dois anos sem lançar um novo álbum, o casal sueco jj ocupa o tempo livre apresentando uma série de adoráveis (e sempre lisérgicas) composições – material mais do que perfeito para nossa mixtape. Com uma abertura etérea e adocicada, a recente Beautiful Life se encaminha lentamente para a chegada das tradicionais e lânguidas batidas eletrônicas, elementos típicos da Balearic Beat que tanto encantam a dupla, que mais uma vez produz um composto ameno, hipnótico e tão encantador quanto as faixas propostas no disco de 2009 nº 2.

#12. BADBADNOTGOOD – Earl

Seja ao brincar com o Jazz ou remodelar o hip-hop, nas mãos dos canadenses do BADBADNOTGOOD nada funciona de maneira convencional. Com o lançamento da segunda mixtape, o grupo intensifica o uso dos experimentos, apostando em canções repletas de grooves acizentados, batidas não convencionais e um rico cardápio de fórmulas que se alteram constantemente. Para ter uma boa ideia do que define o ótimo BBNG2, basta viajar ao som da crescente Earl.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.