Miojo Indie Mixtape “Brazil 70’s” Edition

/ Por: Cleber Facchi 11/01/2012

Ainda aproveitando o clima quente do verão preparamos uma mixtape que evoca a boa música brasileira e todos os sons calorosos que a constituem, dessa forma fomos até a década de 1970 para resgatar alguns dos maiores clássicos da nossa música, passeando por momentos de pura exaltação e também melancolia. Da psicodelia suingada dos Novos Baianos ao misticismo de Jorge Ben ou as percepções racionais de Tim Maia, cada uma das treze faixas da coletânea evocam diferentes paisagens da música brasileira daquele período, indo da grandiosidade do rei Roberto Carlos aos cultuados Odair José e Banda Black Rio.

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#01. Banda Black Rio – Maria Fumaça

Enquanto o mundo começava a vivenciar o ápice da música punk, no Brasil a soul music estabelecia seu império. Um dos maiores exemplos do que foi a produção nacional ligada ao gênero está na obra do grupo carioca Banda Black Rio, que tem em faixas como Maria Fumaça (também título do primeiro álbum da banda) um dos maiores exemplos do que foi essa expansão.  Linhas de baixo pulsantes, suingue e um belo naipe de metais constituem essa pérola da música soul nacional.

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#02. Jorge Ben – Os Alquimistas estão Chegando

Se Tim Maia foi influenciado pela filosofia Racional, Jorge Ben deixou-se conduzir por textos alquímicos e viagens cósmicas, algo belamente retratado no clássico A Tábua de Esmeralda, disco de 1974 e que possibilitou todo um novo rumo musical na carreira do compositor, que transformou o samba em algo místico e ainda mais rico. Os Alquimistas estão Chegando, faixa de abertura do disco ilustra com perfeição toda essa nova fase do cantor.

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#03. Secos & Molhados – Assim Assado

Registro de estreia e obra máxima do grupo paulistano Secos & Molhados, o álbum lançado em agosto de 1973 reforça toda a pluralidade de elementos que caracterizam a carreira da banda, que entre passagens pela psicodelia, rock progressivo, glam rock, música folk e toda uma variedade de elementos fazem nascer pérolas como a imortal Assim Assado. Enteada pela voz peculiar de Ney Matogrosso, a canção retrata justamente a incapacidade do personagem central em se adequar a novas mudanças.

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#04. Cartola – Assim

Cartola já estava com quase 70 anos de idade quando pôde finalmente lançar o primeiro álbum de sua carreira, um homônimo disco de 12 faixas lançado em 1974. Entretanto, a beleza da obra do cantor viria somente através do disco seguinte, um disco lançado em 1976 e que concentraria alguns dos maiores sucessos do compositor, faixas como O Mundo É um Moinho, As Rosas Não Falam e Minha, todas composições que reforçam a figura única do compositor.

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#05. Arnaldo Baptista – Vou Me Afundar Na Lingerie

Embriagado por sentimentos melancólicos – fruto do recente término de relacionamento com Rita Lee –, Arnaldo Baptista lançaria em idos de 1974 o clássico Lóki?, álbum em que prosseguia com as experiências ligadas ao rock progressivo, elementos projetados nos últimos discos dos Mutantes. Longe dos solos colossais de guitarras que o irmão Sérgio parecia se interessar, o paulistano surge rodeado por criações melódicas, algo bem explorado na cômica (e chapada) Vou Me Afundar na Lingerie.

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#06. Belchior – A Palo Seco

Circulando como compositor entre algumas das maiores vozes da música brasileira, em 1976 o cearense Belchior lançaria um registro que o transformaria em uma das figuras mais icônicas daquela época. Denominado Alucinação, o álbum concentra alguns dos maiores clássicos do artista, músicas como Apenas Um Rapaz Latino-Americano, Como Nossos Pais, Velha Roupa Colorida e A Palo Seco, posteriormente se transformada em uma composição Cult por conta de uma versão feita pelo grupo carioca Los Hermanos..

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#07. A Menina Dança – Novos Baianos

Condensando música brasileira e psicodelia, Acabou Chorare de 1972 transparece toda a criatividade do grupo Novos Baianos, elementos que transformariam o disco em um dos trabalhos mais influentes e necessários da nossa música. Entre clássicos absolutos como Preta Pretinha e Brasil Pandeiro, o registro apresenta uma inspirada Baby do Brasil (na época Baby Consuelo), responsável por assumir os vocais de boa parte das canções, inclusive da deliciosa A Menina Dança, uma das melhores do disco.

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#08. Tim Maia – Bom Senso

Inspirado pela cultura racional e vivendo um dos momentos mais ricos como compositor, Tim Maia apresentou em meados de 1975 aquela que seria conhecida como sua maior obra: Tim Maia Racional, Vol. 1. Quinto disco da carreira do carioca, o álbum transborda de composições memoráveis, faixas como Bom Senso, que aproxima diretamente o artista das referências a soul music e ao funk norte-americano, elementos que caracterizariam toda a posterior carreira do músico.

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#09. Erasmo Carlos – É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo

Retirado da maior obra de Erasmo Carlos, o conceitual Carlos, Erasmo de 1971 – disco que afastou levemente o eterno Tremendão da sonoridade rock de outrora para incorporar aspectos da soul music -, É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo evoca toda a maturidade do músico, não mais relacionado com as cores exuberantes da jovem guarda, mas dono de um repertório sério e distinto. Construída ao lado do parceiro Roberto Carlos, a canção aponta a visão dos dois compositores sobre o período da ditadura, naquele momento em seus piores anos.

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#10. Chico Buarque – Cotidiano

Em meio a uma sucessão de versos sérios e melodias densas que transformaram Construção em um dos mais importantes álbuns da música nacional, Chico Buarque aproveitou do espaço para explicitar algumas criações mais leves, faixas como a doce Cotidiano. Pensada como um samba leve e acalentado, a canção evidencia uma soma de versos frágeis e melódicos, uma oposição ao tom quase sufocante de algumas das demais canções presentes no interior do disco.

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#11. Odair José – Que Saudade de Você

Ícone da música brega, em mais de 40 anos de carreira Odair José já forneceu algumas das mais românticas e memoráveis composições da música brasileira, entre elas a dolorosa Que Saudade de Você. Conduzida por uma levada acústica suave – além de um leve tom de música country -, a canção traduz com propriedade em que se baseiam as composições do músico, que não segura o canto na hora de expressar toda sua saudade.

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#12. Roberto Carlos – Cavalgada

Música mais “safadinha” de Roberto Carlos, Cavalgada utiliza da sonoridade densa que a acompanha para construir uma sucessão de versos metafóricos marcados pela sexualidade. Retirada do homônimo álbum de 1977, a canção se relaciona com a maturidade pós-jovem guarda do cantor, na época já influenciado pelas tendências da música gospel e da soul music, algo rasamente perceptível no interior da canção.

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#13. Gonzaguinha – Sangrando

Para fechar a mixtape de maneira épica, nada melhor de que Gonzaguinha em um de seus momentos mais intensos, não apenas cantando, mas Sangrando. Clássico das trilhas sonoras das novelas da globo, a canção evidencia o compositor e sua melhor forma, transformando a composição projetada em ritmo crescente em uma dos maiores exemplares da nossa música.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.