Miojo Indie Mixtape Synthetic & Organic Edition

/ Por: Cleber Facchi 01/04/2013

Miojo Indie Mixtape Synthetic & Organic Edition

Já passeamos pelo clima quente do verão em nossa coletânea especial para a estação, brincamos com o pop etéreo em uma de nossas mixtapes mais baixadas e agora entregamos aos leitores do Miojo Indie não uma, mas duas novas mixtapes: Synthetic e Organic edition. Enquanto a primeira traz boa parte dos principais lançamentos voltados à eletrônica (como The Knife, Rustie e James Blake), a segunda mergulha na calmaria do folk, da psicodelia e do Alt. Country. Se a primeira lida com o exagero, a segunda traz em artistas como Devendra Banhart, Foxygen e Laura Marling um pouco de delicadeza e melancolia. Para ouvir basta clicar no player de cada uma ou baixar clicando na capa do álbum.

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Miojo Indie Mixtape Synthetic Edition

Miojo Indie Mixtape Synthetic Edition (Download)

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#01. The Knife – A Tooth for an Eye

The Knife

Excêntrica e ainda assim acessível, a faixa encontra um curioso ponto de transformação no que acabou finalizado dentro do último disco dos suecos, uma formatação que acaba convidando o ouvinte para a dança, sem que em nenhum momento a dupla se desprenda da busca pela renovação e o experimento, marca clara no último single. Reforçando de maneira cuidadosa o uso da percussão eletrônica, a faixa trabalha os vocais de Andersson como um instrumento de proposta diversificada, uma espécie de complemento atmosférico para a camada cuidadosa de teclados lentamente apresentados com o passar da obra.

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#02. Apollo – Taste Of Your Lips

Apollo

Junte os vocais de Jamie Lidell, o erotismo melancólico de Twin Shadow, pitadas de toda a eletrônica britânica e você tem em mãos Taste Of Your Lips, primeiro e bem sucedido single do carioca Apollo. Contrariando a lógica de que um artista iniciante deve começar de forma comportada e sem grande produção, o artista faz do primeiro grande lançamento um mergulho criativo e épico em diferentes campos da música pop/eletrônica atual. Com produção assinada por Leo Justi (que ainda orienta o primeiro EP do cantor, previsto para 2013), a canção cresce de forma surpreendente graças ao vídeo assinado por Julio Secchin – também responsável por uma das grandes faixas de 2013, Night Light. Erótica, a faixa vai se acomodando aos poucos nos ouvidos do espectador, enquanto luzes e efeitos visuais no melhor estilo You Naked de Jamie Lidell tratam do resto.

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#03. AlunaGeorge – Attracrting Flies

AlunaGeorge

O trabalho da dupla AlunaGeorge só melhora. Depois da participação de Aluna Francis no Hit White Noise, lançado há algumas semanas, além de todo o arsenal de composições apresentadas no último ano, Attracting Flies finalmente dá a largada para o que será encontrado em Body Music, estreia definitiva do casal. Transportando a eletrônica e o R&B que acompanha os britânicos para uma sonoridade de acabamento mais pop e comercial, a nova composição é tudo o que a dupla já havia conquistado, porém dentro de uma sonoridade muito mais acessível. Estão lá os pequenos solos de sintetizadores, as letras amargas de Francis e todo um delicioso composto de batidas capazes de transformar a faixa em uma irmã mais nova e intencionalmente menor da grudenta Your Drums, Your Love.

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#04. Kate Boy – In Your Eyes

Kate Boy

Enquanto Shaking the Habitual, quarto e aguardadíssimo álbum da dupla The Knife não chega até o público, a também sueca Kate Boy prova que é uma das maiores herdeiras do trabalho construído pelos irmãos Dreijer. Depois de surpreender a todos com uma das melhores faixas de apresentação dos últimos tempos, Northen Lights, a artista (uma de nossas apostas para 2013) entrega agora o vídeo da também ótima In Your Eyes. Apresentada ao final do último ano, a canção mantém a mesma base de sintetizadores e batidas eletrônicas que a sueca já havia apresentado anteriormente, utilizando do mesmo complemento como uma base para o vídeo em preto e branco que chega para anunciar o recém-lançado primeiro EP da artista.

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#05. Big Black Delta – Side Of The Road

Big Black delta

Saturada por sintetizadores, vozes transformadas e toda uma avalanche de referências eletrônicas, Side of the Road deve transformar o projeto solo de Jonathan Bates (Mellowdrone) em um dos trabalhos mais significativos de 2013. Lançada há alguns dias, a nova canção do Big Black Delta aparece agora como clipe, ampliando ainda mais o cenário eletrônico que já flutuava pela composição. Em preto e branco, o vídeo brinca com as luzes, danças e alções do próprio Bates, que se transforma no objeto central de toda a composição. Extremamente dançante, a faixa parece se manifestar como um encontro entre Jamie Lidell e Justin Timberlake em um mesmo universo “futurístico”, resultado que deve se ampliar no lançamento do próximo trabalho, previsto para o dia 30 de Abril.

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#06. CHVRCHES – Now Is Not The Time

CHVRCHES

Poucas coisas são tão satisfatórias quanto perceber o trabalho de uma banda que perverte a ingenuidade da música pop com invenção. Ainda que o clima experimental e a sonoridade livre de padrões aproxime o trabalho do trio escocês CHVRCHES de uma temática excêntrica para o gênero, não há como passear pelos poucos instantes de Recover EP (2013, Glassnote) sem entender a obra como um trabalho de nítido acabamento pop radiofônico. Dos vocais mezzo brandos, mezzo pulsantes de Lauren Mayberry aos sintetizadores de acabamentos melódicos (e forte aproximação com a música da década de 1990), cada faixa do pequeno álbum é um salto para a criação de versos tão grudentos (e ricos) quanto qualquer grande exemplar do mesmo meio.

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#07. Rustie – Slasherr

Rustie

Rustie está de volta. Depois de lançar um dos registros mais interessantes de 2011, o cada vez melhor Glass Swords, o produtor britânico faz da recém-lançada Slasherr um aperitivo para o que vamos encontrar no próximo “EP” do artista. Previso para o dia 18 de Março, o trabalho conta com apenas duas faixas, quase um single, registro que além da recente composição fica completo com a inédita Triadzz. Sem se distanciar do que havia proposto com os primeiros lançamentos, o jovem produtor quebra o Dubstep, Grime, Hip-Hop e outras referências eletrônicas de forma a construir um invento de natureza própria, intenso. Pouco mais de três minutos que fariam de Skrillex um artista completo caso fosse capaz de alcançar o mesmo resultado.

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#08. Mount Kimbie – Made To Stray

Mount Kimbie

Depois de algumas composições menos compactas e nitidamente exaltadas circulando por aí, a dupla britânica Mount Kimbie acerta o passo e regressa ao mesmo ambiente delicado que define toda a extensão de Crooks & Lovers (2010), primeiro registro em estúdio de Dominic Maker e Kai Campos. Intitulada Made To Stray, a mais nova composição segue de forma crescente e ainda assim climática, sobrepondo diversas camadas percussivas dentro de uma linguagem delicada, típica do primeiro lançamento dos produtores. Com uma valorização suave dos vocais (assinados pelo próprio duo), a composição abre as portas para a chegada de Cold Spring Fault Less Youth, segundo registro em estúdio dos produtores e trabalho que deve ser oficialmente lançado no dia 28 de Maio.

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#09. James Blake – Digital Lion

James Blake
Pouco e muito parece ter sobrevivido dos primeiros lançamentos de James Blake. Cada vez mais ocultas pelas vozes sintetizadas e instrumentais, as texturas eletrônicas que apresentaram o produtor inglês ao mundo no final da década passada parecem lentamente reafirmar seu espaço. Pelo menos é o que a experimental Digital Lion tenta incorporar nos quase cinco minutos de planos etéreos e batidas que remetem à diferentes estágios da eletrônica. Menos comercial que Retrograde e naturalmente íntima de todos os inventos alcançados pelo artista nos primeiros singles e EPs, a faixa traz na participação do veterano Brian Eno um complemento necessário e um ponto de óbvia transformação dentro da carreira do jovem produtor.

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#10. Shlohmo – Bo Peep (Do U Right) (ft. Jeremih)

Shlohmo

Como bem apontado no recente texto de Laid Out EP, mais novo álbum do produtor californiano Shlohmo, cada vez mais as composições do artista parecem voltadas para lidar com o canto. Depois de brincar com o R&B na excelente parceria com Tom Krell (How To Fress Well) em Don’t Say No, Henry Laufer se encontra com o rapper Jeremih para lançar aquela que é a melhor composição de sua carreira – ao menos por enquanto. Erótica e capaz de perverter os exageros do R&B atual, a canção usa das bases complexas produzidas pelo artistas como um mecanismo não óbvio de exaltação sexual. Além dos sons eletrônicos que flutuam pela canção, Shlohmo usa da própria voz de Jeremih como um complemento para a faixa, amarrando os vocais do rapper em pequenos loops e sobreposições que aumentam o clima envolvente da composição.

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#11. Giraffage – Close 2 Me

Giraffage

Todas os desejos e sonhos do californiano Charlie Yin estão dentro de Needs (2013, Alpha Pup). Imenso cardápio de sons, tendências, samples e emanações Lo-Fi que percorrem diferentes décadas, o trabalho do produtor conhecido como Giraffage parece dar continuidade aos mesmos sons caseiros que abasteceram a Chillwave há alguns anos. Uma quebra das referências estabelecidas com base na década de 1980, e uma completa absorção de parte fundamental do que marcou a eletrônica, o R&B e até mesmo o pop dos anos 1990. Um verdadeiro bloco de sons possivelmente desordenados nas mãos de outros artistas, porém, cuidadosamente aplicados no primeiro álbum do produtor de São Francisco.

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#12. SZA – Ice Moon

SZA

O melhor de tudo dentro da invasão de artistas intencionados em resgatar o clima obscuro R&B e todas as transformações que tomaram conta da música negra na década de 1990, está na capacidade de alguns músicos em assumir essa proposta com real invento e emoção. É o caso de SZA, fanática por Wu-Tang Clan (o nome é uma brincadeira com o “líder” do coletivo, RZA), Miles Davis e Björk, a norte-americana já acumula um excelente e totalmente desprezado EP lançado em 2012, entretanto, é com o novo single que a cantora deve chamar a atenção. Suave, dolorosa e experimental, Ice Moon cruza bases minimalistas (no melhor estilo Wu-Tang), vocais atmosféricos que tendem ao trabalho de Björk, além de batidas inexatas que se relacionam de forma muito próxima com o som da dupla Purity Ring. Um verdadeiro catálogo de sonorizações românticas e nada óbvias que crescem nos vocais deliciosamente invasivos da cantora.

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Miojo Indie Mixtape

Miojo Indie Mixtape Organic Edition (DOWNLOAD)

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#01. Waxahatchee – Hollow Bedroom

Waxahatchee

Assumindo as mesmas referências de forma quase confessa, a cantora e compositora nova-iorquina Katie Crutchfield faz do segundo álbum solo não apenas um ponto de aproximação com os sons lançados há duas décadas, mas talvez o melhor disco dos anos 1990 apresentado nos dias atuais. Parcialmente oculta sob o curioso pseudônimo de Waxahatchee (uma menção à região de mesmo nome próxima de um lago no Alabama, onde os pais de Crutchfield mantém uma casa), a artista transforma todos os sentimentos (doces e amargos) na matéria-prima que alimenta Cerulean Salt (2013, Don Giovanni). Conjunto de fragmentos (quase) sempre dolorosos, o disco traz nas guitarras e versos da cantora uma das obras mais confessionais dos últimos anos.

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#02. Foxygen – No Destruction

Foxygen

Ainda que ínfima perto da grandiosidade e da influência do movimento Hippie, a morte de Scott McKenzie em Agosto do último ano sepultou parte importante do que foi desenvolvido ao longos dos anos 1960 e 1970. Responsável por um dos maiores hinos da produção musical da época, San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair) – faixa resgatada e eternizada em 2005 pelo trio austríaco Global DeeJays -, McKenzie sobrevive de maneira criativa mesmo após sua morte. Afinal, difícil passear pelas emanções psicodélicas e caseiras do recém-lançado We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic (2013, Jagjaguwar) sem perceber a essência do compositor (e outros grandes do gênero) dentro de cada faixa.

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#03. Devendra Banhart – Never Seen Such Good Things

Devendra Banhart

O fascínio de Devendra Banhart pelos ritmos latinos sempre acompanharam toda a discografia do cantor e compositor texano, porém, nunca de forma tão explícita quanto no decorrer de Mala (2013, Nonesuch). Oitavo e mais recente álbum da carreira daquele que é um dos maiores expoentes da cena Freak Folk estadunidense, o disco esbanja referências à música construída em toda a América Latina, principalmente os realces que sustentaram a Bossa Nova e boa parte dos sons brasileiros de 1950 até a explosão da Tropicália. Ora João Gilberto, ora brincando com a imagem comportada de Caetano Veloso, o músico presenteia o folk estadunidense com uma camada extra de temperos tropicais.

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#04. Unknown Mortal Orchestra – So Good At Being In Trouble

UMO

A saudade e o amor têm gosto de gravação barata. Ou pelo menos é o que identifica Ruban Nielson em cada novo passeio sonoro da orquestra mortal de três homens que ele orienta. Letrista e principal voz nos comandos da cada vez menos desconhecida Unknown Mortal Orchestra, o músico neozelandes e os parceiros Jake Portrait e Greg Rogove alcançam o segundo registro da carreira aprimorando dois elementos fundamentais na proposta da banda: os ruídos e as letras. Sob o título minúsculo de II, o presente disco reforça de forma comercial e ainda assim específica o que há de mais tradicional e inventivo na curta trajetória da banda, estreitando os laços com a psicodelia e voltando o romantismo para o R&B.

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#05. Wampire – Spirit Forest

Wampire

A presença de Jake Portrait (Unknown Mortal Orchestra) está por todos os lados de cada novo lançamento da dupla Wampire. Produtor responsável por Curiousity, trabalho de estreia da banda de Portland, o músico deixa suas marcas bem aparentes na execução de Spirit Forest, mais novo lançamento do duo. Presa em um universo de sintetizadores que acompanham a recente fase do Ariel Pink’s Haunted Graffiti, ao mesmo tempo em que ecos de John Maus estão presentes em todos os cantos, a canção vai do rock psicodélico da década de 1970 aos synthpop dos anos 1980 em questão de segundos, diversificando o trabalho da dupla e carregando de maneira natural o ouvinte para um cenário fantástico, quase como uma viagem espacial.

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#06. Jim James – New Life

Jim James parece ter entrado em conflito quando deu formas ao confuso, porém necessário, Circuital, em 2011. Outrora apaixonado pelas melodias orgânicas e ambientações bucólicas que deram vida aos trabalhos iniciais do My Morning Jacket, o cantor e compositor (sempre acompanhado dos parceiros de banda) resolveu dar um passo além há dois anos, fundindo as mesmas camadas de sons campestres do passado com um acabamento semi-futurístico. O Country Alternativo se misturou aos agregados de distorção, o campo virou cidade, e a poesia anteriormente branda deu vida a um orquestrado contemporâneo, uma base funcional para o que o compositor aprimora no lançamento do primeiro álbum solo, Regions of Light and Sound of God.

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#07. Phosphorescent – Song For Zula

Phosphorescent

Espécie de sequência não intencional daquilo que Justin Vernon aprimorou com o lançamento do segundo álbum do Bon Iver (2011), ao mesmo tempo que estende diversas referências aos projetos recentes de Lambchop, Wilco e Jim James (My Morning Jacket), Muchacho (2013, Dead Oceans) é uma ode à saudade e também uma libertação. Ainda que a entrega de Song For Zula no final do último ano tenha servido para ilustrar parte do que se concretiza no novo disco, cada espaço do álbum se estende para além dos limites iniciais da composição, utilizando do tempero doloroso como um caminho seguro para que o cantor possa alcançar tanto composições grandiosas (The Quotidian Beasts), como faixas tomadas pela simplicidade dos sons e versos (Muchacho’s Tune).

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#08. Cass McCombs – If You Loved Me Before

Cass McCombs

Cass McCombs é um eterno sofredor e talvez o maior de sua geração. Sempre afundado em amores que não deram certo e a saudade constante que transforma cada verso em um lamento que sufoca o ouvinte, o músico reforça a proposta sombria que envolve suas obras com mais uma pérola da melancolia musical: If You Loved Me Before. Tão densa quanto qualquer outra composição acertada dentro do último grande álbum do músico, Wit’s End (2011), a faixa se sustenta em uma construção arrastada de guitarras, teclados estranhos e, claro, os vocais macambúzios do artista, efeito que dramatiza e intensifica o sofrimento instalado no interior da faixa. Ainda que não faça parte de nenhum futuro trabalho, a música dá indícios de que o sofrimento de McCombs parece longe de chegar ao fim, logo, seus trabalhos não devem perder o “brilho”, pelo menos por enquanto.

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#09. Filipe C – True Love Will Find You in The End

Filipe C

Uma de nossas maiores apostas para 2013, o paulistano Filipe C segue em pleno processo do composição e gravação. Depois do lançamento de Silence EP e do excelente single The Solitude of a Joyful Heart (uma das mais belas faixas de 2012), Consolini (vem daí o “C”) mergulha (mais uma vez) na melancolia para resgatar um achado da década de 1990. Originalmente gravada por Daniel Johnston no clássico disco 1990, True Love Will Find You in The End mantém a mesma atmosfera intimista da versão original, substituindo a estranheza de Johnston pela sutileza de arranjos melhor arquitetados pelo brasileiro.

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#10. Laura Marling – Where Can I Go?

Laura Marling

Laura Marling está de volta. Dois anos depois de relatar suas confissões em A Creature I Don’t Know (2011), a cantora e compositora britânica faz de Where Can I Go? uma sequência de todas as sensações melancólicas qeu a acompanham desde o começo de carreira. Sutil, a canção mergulha no folk da década de 1960 para imergir nas transformações que o estilo passou durante os anos 1990. Meio Cat Power, meio Joni Mitchell, a composição de estrutura comportada vai aos poucos crescendo em meio ao uso de teclados e um acabamento que inevitavelmente tende ao Lounge. A canção faz parte de Once I Was an Eagle, quarto registro em estúdio da cantora e trabalho agendado para o dia 27 de maio.

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#11. Kurt Vile – Wakin on a Pretty Day

Kurt Vile

Depois de um registro tão surpreendente quanto Smoke Ring For My Halo (2011), estava mais do que claro que Kurt Ville precisaria de um bom tempo para se recuperar e apresentar um registro de tamanho significado. Menos de dois anos depois e ele está de volta com mais um trabalho de acerto e beleza similar, ou pelo menos é o que o imenso primeiro single aponta sobre o próximo lançamento do músico. Com mais de nove minutos de duração, Wakin on a Pretty Day arrasta o ouvinte em uma vibração confortável que passeia pela psicodelia folk da década de 1970 sem se afastar dos dias atuais. Quase dez minutos de pura calmaria instrumental e versos que permanecem tão dolorosos quanto os testados no trabalho que o antecede.

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#12. Torres – When Winter’s Over

Torres

A tristeza toma conta de cada instante do trabalho de Mackenzie Scott. Recheado por versos que relatam passagens recentes sobre amores que não deram certo, o medo do abandono ou “simples” fragmentos de saudade, as palavras incorporada pela compositora se completam ao entrar em contrato com uma sucessão de acordes macambúzios. Recortes sonoros que são construídos lenta, porém vigorosamente no primeiro registro da cantora de sob o nome forte de Torres. Cada mínimo recorte musical se traduz como o reflexo de uma mente em pleno desgaste (ou seria desespero?) sentimental. Um personagem real e assimilável que tenta a todo o custo manter a sobriedade, mesmo afundado em um imenso oceano de angústias e carência.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.