Os 100 Melhores Discos da Década de 1990 (35-31)

/ Por: Cleber Facchi 04/08/2011

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#35. Pixies
Bossanova (1990, 4AD)

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O fim do Pixies estava próximo. Após o surpreendente resultado alcançado com seu último trabalho – Doolitte de 1989 -, os integrantes da banda estavam cansados, tanto que anterior ao lançamento de Bossanova em agosto de 1990, todos os membros do grupo haviam partido para um momento de férias quase forçadas, alegando não mais se suportarem. Após o necessário período de descanso – que acabou incentivando a carreira solo de Black Francis e servindo para que Kim Deal montasse o The Breeders – a banda se trancou durante alguns meses em estúdio, de onde só saiu com seu terceiro álbum, apresentando um som e letras levemente distantes do que era propagado em seus projetos anteriores. Francis trocou o sexo para falar de Ovnis e temáticas sobrenaturais, quase sempre dentro do mesmo universo nonsense de sua velhas composições. A sonoridade que tomava conta do disco chegava de forma distinta, com o grupo focando em um som mais amplo, despojado, mas ainda assim intenso. Mesmo irregular, Bossanova ainda apresenta um Pixies tão impactante e poderoso quanto o dos primeiros discos.

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#34. Teenage Fanclub
Grand Prix (1995, Creation Records)

A pequena coleção de clássicos montadas pelos escoceses do Teenage Fanclub durante seus primeiros anos de carreira já seria mais do que suficiente para que o grupo de Bellshill fosse eternizado, entretanto, a banda queria algo mais, algo que viria em 1995 com o lançamento de seu quinto disco, Grand Prix. Após o lançamento de Bandwagonesque em novembro de 1991 parecia que a tríade Norman Blake, Raymond McGinley e Gerard Love jamais seria capaz de compor algo tão melódico quanto o excepcional registro, entretanto, não é isso que se observa através do quinto trabalho da banda, uma verdadeira sucessão de clássicos tomados pelas mesmas e belas melodias apresentadas por artistas como The Byrds e Big Star. Cada uma das 13 composições que dão vida ao álbum parecem grandes hits em potencial, faixas que invadem os ouvidos delicadamente com seus assobiáveis arranjos de guitarras levemente poluídas e doces melodias de vocais, um disco que mantém o ouvinte preso da primeira à última faixa.

#33. Jeff Buckley
Grace (1994, Columbia)

Muito embora a morte precoce de Jeff Buckley em maio de 1997 tenha ajudado seu primeiro e único disco a se materializar em um verdadeiro clássico, Grace já havia se transformado em um dos trabalhos mais essenciais da década de 1990 muito antes disso. Filho do memorável cantor e compositor Tim Buckley, responsável por uma série de trabalhos relacionados a música folk, o jovem Jeff não poupou seus esforços na hora de produzir seu debut, lançando um registro tomado de pura sinceridade, dor, saudade e esperança. Em um território governado pelo rock alternativo, garotos de camisa xadrez e guitarras ensurdecedoras, Buckley propôs algo diferente, um registro muito mais orgânico, simplista, porém tomado de sentimentos e honestidade, elementos essenciais para que o álbum fosse naturalmente aclamado pela crítica e presenteasse o músico com um vasto público que ia de Paul McCartney aos integrantes do Radiohead, do U2 ao Coldplay.

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#32. Primal Scream
Screamadelica (1991, Creation Records)

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No começo de 2011 o semanário inglês NME elegeu Screamadelica, terceiro trabalho do Primal Scream como o disco mais drogado da história da música, tomando a dianteira através uma lista que contava com 50 registros, incluindo trabalhos como Revolver dos Beatles e In Utero do Nirvana. Embora a obra-prima de Bobby Gillespie seja de fato um trabalho construído em cima do abusivo uso de substâncias lisérgicas (e pareça a trilha sonora exata para o uso variado dessas mesmas substâncias), o clássico disco lançado em setembro de 1991 está muito além de um mero condensado de composições viajadas e sons projetados para as pistas. Cruzando elementos da dance music dos anos 70, house, música gospel, rock psicodélico, jazz, eletrônica e rock alternativo, o álbum surge a partir da colaboração de uma série de produtores, bandas e diversos outros artistas que montaram samplers, elaboraram bases e auxiliaram Gillespie no desenvolvimento de todo o trabalho. O resultado dessa grande somatória de elementos se traduz em um álbum volumoso, perdido em diferentes eras da música e surpreendentemente belo.

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#31. Spiritualized
Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space (1997, Dedicated)

Se o rock progressivo foi responsável por uma série de trabalhos enfadonhos, composições excessivamente grandiosas e faixas que mais parecem uma grande masturbação sonora, o mesmo estilo musical também foi essencial para o surgimento de uma gama de excelentes lançamentos apresentados na década de 1990. Entre os principais trabalhos inspirados pelo gênero está o volumoso Ladies and Gentlemen We Are Floating in Space, terceiro álbum do grupo britânico Spiritualized. Em mais de sessenta minutos de duração, o disco conduz o ouvinte através de um passeio repleto de texturas psicodélicas, coros de vocais, colagens de sons e todo um vasto aparato sonoro que transformariam o álbum em um clássico imediato. Surpreendente do minuto que começa até seus últimos segundos, o disco é fruto dos abusos com as drogas por parte de seu idealizador Jason Pierce, algo que se materializa até na capa e na embalagem do trabalho, que tratam o registro como uma espécie de remédio, feito para ser tomado até duas ou mais vezes ao dia.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.