Os 100 Melhores Discos da Década de 1990 (45-41)

/ Por: Cleber Facchi 02/08/2011

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#45. Sonic Youth
Goo (1990, DGC)

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Após o lançamento de Daydream Nation em 1988, os nova-iorquinos do Sonic Youth poderiam simplesmente descansar, afinal, o trabalho deles já estava concluído. Entretanto, a banda encabeçada pelo vocalista e guitarrista Thurston Moore não estava afim de sossego, tanto que dois anos após a estreia de sua memorável obra, o grupo estaria de volta com outro grandioso clássico: Goo. Primeiro trabalho da banda lançado através de uma grande gravadora, o disco daria continuidade ao experimentalismo sujo e despojado que o grupo já havia alcançado em seu anterior trabalho, com a pequena diferença de que agora a sonoridade proposta viria tomada por uma clara dose de limpidez e formas levemente mais acessíveis. Em meio a clássicos como Tunic (que fala sobre a morte de Karen Carpenter), backing vocals de J Mascis (do Dinosaur Jr) e a inusitada participação de Chuck D (Public Enemy), o álbum se materializaria como mais um clássico registro da banda, preparando os terrenos para o trabalho seguinte, Dirty.

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#44. Nine Inch Nails
The Downward Spiral (1994, Nothing/Interscope)

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Trent Reznor já havia conquistado um relativo destaque dentro do rock alternativo norte-americano quando Pretty Hate Machine, primeiro álbum de sua banda (o Nine Inch Nails) fora lançado em meados de 89. Contudo foi ao apresentar seu segundo disco, The Downward Spiral que Reznor recebeu todos os destaques e os olhares que merecia. Tomado de texturas sombrias, imersões em densas camadas de guitarras e letras inundadas por uma fluidez mórbida e agressiva, o álbum não apenas agradaria um público específico ou interessado pela música industrial, mas boa parte dos jovens americanos. Através de faixas como Closer – com seu memorável refrão “I wanna fuck you like a animal” -, Piggy e Hurt, Reznor cairia facilmente no gosto popular, alcançando altíssimas vendas de seu obscuro disco. Gravado na mesma casa em que Charles Manson assassinou a atriz Sharon Tate (esposa de Roman Polanski), The Downward Spiral é um trabalho repleto de emanações sombrias, sendo até hoje considerado como a obra máxima do NIN.

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#43. Belle and Sebastian
Tigermilk (1996, Electric Honey)

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Embora funcione como a síntese perfeita de um registro voltado à música pop, Tigermilk, álbum de estreia do grupo escocês Belle and Sebastian nada mais é do que um simples trabalho de faculdade. O doce registro surgiu como um projeto de conclusão de curso para o jovem Stuart Murdoch, que na época finalizava seus estudos sobre Indústria da Música e utilizou de sua recente banda para o auxiliar nessa empreitada. Gravado ao longo de três dias e contando com apenas mil cópias em vinil, o delicado disco se transformaria em uma verdadeira coqueluche em território britânico, se transformando em um item raro de colecionador, chegando a custar preços altíssimos dentro do “mercado negro” do mundo da música. Inspirados pela sonoridade de bandas como The Smiths, Felt e Teenage Fanclub, Murdoch e seus parceiros fariam deste apenas a porta de entrada para um mundo de composições açucaradas, melancólicas e irônicas.

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#42. Sepultura
Roots (1996, Roadrunner Records)

Em 1995 os irmãos Igor e Max Cavalera foram atrás do músico e percussionista baiano Carlinhos Brown para que este trouxesse um toque mais brasileiro ao seu ainda inédito lançamento. A iniciativa a princípio inusitada acabaria se materializando logo no ano seguinte, através das emanações musicais de Roots, sexto e inovador trabalho do grupo Trash Metal brasileiro. Intercalando guitarras pesadas com toques de músicas indígenas – algumas das composições contam com captações de sons de uma tribo Xavante – e uma percussão calorosa, a banda mineira romperia qualquer tipo de limite de sua musicalidade, mobilizando a construção de um dos maiores e mais inventivos discos de Heavy Metal da história. Mesmo que muito do que é apresentado dentro do disco já fosse experimentado no trabalho anterior, Chaos A.D. (1993), em seu sexto álbum o Sepultura alcança o ápice de suas composições, sendo também o último registro que conta com a participação de Max Cavalera nos vocais, posteriormente substituído pelo norte-americano Derrick Green.

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#41. Air
Moon Safari (1998, Caroline/Virgin Records)

Perdidos entre uma musicalidade vintage que ressalta sons da década de 1960/70 e uma tonalidade eletrônica que os puxa para junto de uma sonoridade puramente futurística, a dupla formada por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel transformou seu trabalho de estreia em uma das grandes, se não a maior obra da ambient music da década de 90. Rodeados por equipamentos analógicos, a dupla faz o ouvinte navegar através de um mar de reverberações suaves que são exaltadas em Moon Safari, proporcionando mais de 40 minutos de composições sofisticadas, faixas que pareciam romper os limites das pistas de danças dos clubes franceses se voltando para um ambiente puramente doméstico e pacato. Em meio a canções como romântica All I Need, a envolvente Sexy Boy ou a climática Talisman, os franceses delimitariam um tipo de som que parecia ser apenas deles, impossível de ser copiado ou igualado.

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[50-46]  . [40-36]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.