Os Piores Discos de 2011

/ Por: Cleber Facchi 22/12/2011

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#10. Kaiser Chiefs
The Future Is Medieval (Fiction)

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Com o quarto álbum da carreira o Kaiser Chiefs parecia ter encontrado a fórmula exata para vender discos: você seleciona as canções que a banda gravou, escolhe a ordem, personaliza a capa e ainda poderia faturar uma grana ao vender a edição virtual do trabalho. Entretanto, o grupo acabou enfrentando um pequeno problema: a falta de canções boas para a criação deste suposto disco. Por mais “revolucionária” que seja a ideia do grupo, nada consegue salvar as 20 composições postas à venda pela banda, faixas que vão do constrangedor ao desnecessário, com o quinteto inglês abandonando inclusive os refrões pegajosos e as guitarras melódicas que os tornaram conhecidos. Se você achava Yours Truly, Angry Mob o pior trabalho da banda até agora, com The Future Is Medieval o grupo alcançou uma nova marca, proporcionando um disco que os britânicos é quem deveriam pagar para o espectador ouvir.

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#09. The Strokes
Angles (RCA/Rough Trade)

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Se você aguardou impaciente durante os últimos cinco anos esperando por um novo registro dos nova-iorquinos do The Strokes, então parabéns: você foi agraciado com uma das maiores catástrofes do mundo da música em 2011. Nada ali faz sentido. Começa com a bizarrice regueira de Machu Picchu, passa pelo auto-plágio em Under Cover of Darkness, o flerte com a New Wave em Games, o momento “WTF?” em Gratisfaction, até encerrar com a “filosófica” Life Is Simple in the Moonlight. Mais de 30 minutos onde nada faz sentido. Tudo bem, também sou fã da banda, gosto de Is This It, até hoje danço Repitilia desesperadamente em qualquer festa, achei a apresentação deles no Planeta Terra excelente, mas nem por isso sou obrigado a ouvir e aceitar um trabalho desse nível e se você realmente é fã da banda: caia na real, o Strokes não é mais o grupo que você aprendeu a gostar há muito tempo.

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#08. She Wants Revenge
Valleyheart (Five Seven)

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Com apenas uma única composição vendável (Tear You Apart) o She Wants Revenge conseguiu em 2006 estabelecer um motivo para que a obra da dupla Justin Warfield e Adam Bravin fosse perpetuada por mais alguns anos. Depois de quatro anos sem nenhum álbum de inéditas a dupla californiana reaparece com Valleyheart, um trabalho que não apenas soterra os dois anteriores (e também péssimos) registros da banda, como revela o quanto o revival pós-punk precisa ser encerrado de vez. Cruzando sintetizadores com uma sonoridade integralmente sombria, o duo faz crescer um álbum que parece na verdade um velho composto de velhas canções da banda, músicas tão ruins que acabaram de fora dos dois primeiros álbuns do SWR e que misteriosamente acabam resgatadas no interior deste disco.

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Incubus

#07. Incubus
If Not Now, When? (Epic/Immortal)

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Ao completar 20 anos de carreira Brandon Boyd e os demais integrantes do Incubus parecem ter estabelecido uma nova diretriz para os trabalhos do grupo: a produção de discos inconsistentes e músicas dissolvidas em versos falhos e sonolentos. Diga adeus ao grupo que não se importava em experimentar novas possibilidades musicais em cada novo álbum, com If Not Now, When? a banda se afoga em uma maré de sons melancólicos tão enfadonhos e insossos que faria Bono Vox e Chris Martin parecerem os salvadores do rock. Arrastado até a última faixa, o sétimo álbum do grupo californiano acabou se revelando como um método eficiente contra a insônia, sendo capaz de botar o ouvinte para dormir em poucos minutos de execução. Entretanto, médicos de diversas partes do mundo não indicam o uso frequente do “medicamento”, afinal, as náuseas e a constante sensação de tédio que vem em sequência são extremamente devastadoras.

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Spank Rock

#06. Spank Rock
Everything Is Boring and Everyone Is a Fucking Liar (Bad Blood)

Olhe atentamente para a capa de Everything Is Boring and Everyone Is a Fucking Liar. Observou? Nada faz sentido, não é? Pois saiba que isso é praticamente um aviso ao que você irá encontrar no interior da obra – se que podemos chamar isso de “obra”. Construído inteiramente em cima de rimas pobres, batidas desagradáveis e todo um conjunto musical capaz de causar desconforto. Sucessor do também deplorável YoYoYoYoYo (de 2006), o mais novo álbum regido aos comandos de Naeem Juwan (Spank Rock) e do parceiro Alex Epton (XXXChange) parece um disco de rap feito por crianças e para crianças. Se for para plagiar o trabalho do conterrâneo Diplo (que ultimamente parece bem interessado em copiar João Brasil), pelo menos façam isso direito.

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#05. Beady Eye
Different Gear, Still Speeding (Beady Eye)

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O Oasis é provavelmente a maior maldição que assolou o mundo da música nos últimos 30 anos. Donos de uma fórmula musical de sucesso garantido, os irmãos Gallagher souberam como poucos como orquestrar toda uma multidão de fãs ao redor do planeta, feito que Liam, o irmão caçula até tentou, mas não conseguiu com seu novo e vergonhosamente plagiado grupo, o Beady Eye. Espécie de cópia descarada do Oasis (banda que por sinal passou os últimos 15 anos vivendo de um auto-plágio forçado), o grupo conseguiu em fevereiro deste ano apresentar o cômico Different Gear, Still Speeding, um trabalho que parece ter pego o que sobrou do álbum Dig Out Your Soul (ou qualquer disco menor da banda), substituído o título das canções e vendido ao público como se fosso algo novo e revolucionário. O pior de tudo, teve quem gostou, elogiou e considerou um clássico.

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#04. Jon Fratelli
Psycho Jukebox (Island)

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Com o lançamento de Costello Music em setembro de 2006, John Paul Lawler e os parceiros do The Fratellis acabaram se estabelecendo como uma das grandes bandas britânicas daquele momento, feito que eles trataram de destruir por completo com a chegada do fraquíssimo Here We Stand dois anos mais tarde. Estranho notar que para o lançamento do primeiro registro em carreira solo Jon “Fratelli” resolveu seguir exatamente as preferências assumidas pela banda no lançamento desse segundo disco, transformando Psycho Jukebox em um registro ainda mais insatisfatório do que o álbum apresentado por sua banda em 2008. Visivelmente perdido e atirando em todas as direções (sem acertar nenhuma) o músico consegue estabelecer a incrível marca de lançar um trabalho inteiro, sem desenvolver nada realmente agradável.

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#03. Viva Brother
Famous First Words (Geffen)

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Quando digo que o Oasis foi “a maior maldição que assolou o mundo da música nos últimos 30 anos” é por bandas como Viva Brother que digo isso. Cópia assumida (vê se pode) dos ensinamentos deixados pelos irmãos Gallagher, a banda inglesa conseguiu em 10 faixas ensinar com perfeição como não prestar uma homenagem ao britpop. A falta de capacidade do quarteto (que em alguns momentos até copia o visual dos ex-líderes do Oasis) é tanta, que a sensação ao ouvir Famous First Words é a de que estamos nos deparando com uma espécie de tributo ao clássico (What’s the Story) Morning Glory?, trabalho que parece ter sido o único álbum ouvido pelo Viva Brother durante toda a curta vida de seus integrantes. Um disco tão ruim, mas tão ruim, que até a imprensa britânica, principal responsável por sustentar esse tipo de artista simplesmente ignorou o lançamento do disco.

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#02. Red Hot Chili Peppers
I’m With You (Warner Bros.)

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Nenhuma banda em 2011 conseguiu divertir tanto nossa equipe quanto o Red Hot Chili Peppers. Tão logo após a publicação da crítica do disco, choveram comentários de ouvintes raivosos e indignados com a nota baixa atribuída ao trabalho. Quase todos se valando de argumentos do tipo “Banda boa e criativa p vc deve ser o NXzero, Cine e Restart neh!!” ou “tipo de música que me dá tesão e tesão cada um tem o seu”, e todos esses argumentos que apenas bons e velhos fãs são capazes de proporcionar – sério, tire um tempo para ler os comentários, são divertidíssimos. Independente da defesa ferrenha (queremos mais comentários no post desta lista queridos fãs), com I’m With You o RHCP apenas demonstrou o quanto é uma banda desgastada e redundante, um grupo que vive de alguns acertos do passado para garantir o sustento de cada “novo” disco.

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#01. Lou Reed & Metallica
Lulu (Warner Bros/Vertigo)

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Basta uma única audição deste disco para que ao término dele a voz marcante do saudoso Paulo Cézar Pereio ecoe imediatamente: “Tá tudo errado, Porra!”. E de fato está tudo errado dentro da aguardada parceria entre um dos grandes nomes do rock de todos os tempos e a maior banda de Heavy Metal do planeta. A tentativa de fazer nascer um trabalho conceitual e vanguardista, utilizando dos versos de Reed enquanto ao fundo ecoa a instrumentação (bizarra) da banda californiana é simplesmente falha. Não pense que você irá ouvir uma versão moderna de Metal Machine Music – trabalho inicialmente descartado pelo público/crítica e posteriormente cultuado mundo afora -, em Lulu (que erra da capa ao nome) tudo cheira a pretensão e excesso, com o quinteto brincando de fazer música séria, enquanto algumas pessoas se forçam a acreditar que isso é verdade. 

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.