Em um lento processo de gestação que teve início com o lançamento de Ninguém Por Enquanto e Veluda, há dois anos, Sara Não Tem Nome, Julia Baumfeld, Paola Rodrigues, Victor Galvão e Randolpho Lamonier mergulharam na composição de um repertório deliciosamente atmosférico e sombrio, sempre pontuado por questões existencialistas, versos melancólicos e instantes de profunda entrega sentimental, íntimos de seus realizadores. Era o princípio do Tarda, quarteto de dream pop/pós-rock mineiro que revela ao público o primeiro álbum de estúdio da carreira: Futuro (2020).

Declaradamente inspirado pela obra de estrangeiros como Warpaint, Slint, Low e Beach House, o registro de 11 faixas ganha forma aos poucos, sem pressa, esbarrando em personagens importantes como Dilma Rousseff, Clarice Lispector e Hilda Hilst, tormentos e frases de Fernando Pessoa e Walter Benjamin. O resultado desse processo está na entrega de um material essencialmente amplo e que exige ser apreciado com atenção, riqueza que pode ser percebida em músicas como as já conhecidas Buraco de Afunda e Breath, mas que acaba se refletindo durante toda a execução do álbum.

Tarda – Futuro