Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 14/05/2011

Marcelo Jeneci
Brazilian/Indie Pop/Alternative
http://www.myspace.com/jeneci

Por: Cleber Facchi

Marcelo Jeneci com seu delicado Feito Pra Acabar (2010) era o artista que faltava para integrar a safra de novos músicos da MPB. Fortemente inspirados pela Tropicália e a Música Popular Brasileira dos anos 70 Jeneci, Tulipa Ruiz, Cidadão Instigado, Nina Becker, Silvia Machete, Céu e Cérebro Eletrônico são os responsáveis por dar voz à nova geração de músicos que nos presentearam com grandes lançamentos do gênero. Esqueça a “MPB tradicional” que toca nas rádios comerciais ou que é debatida nos “papos cabeça” em conversas de boteco. Dê espaço para que seus ouvidos tenham acesso ao que há de realmente novo na música nacional.

Não é de hoje que Marcelo Jeneci desponta para o meio musical. O músico é responsável por diversos clássicos que embalaram as novelas globais (como Amado na Voz de Vanessa da Mata) ou mesmo músicas sertanejas (Longe cantada por Leonardo). Jeneci, que começou como músico tocando sanfona na banda de Chico César, traz o instrumento para seu primeiro disco, dando ao trabalho uma aura de Baroque Pop, típica de bandas como The Decemberists ou do músico francês Yann Tiersen. Por falar no músico, fica visível a proximidade em faixas como Pra Sonhar, embalada pela voz suave de Laura Lavieri e que parece ter saído do disco C’était ici de Tiersen.

Além de Lavieri Feito Pra Acabar conta com uma porção de músicos que contribuem para o bom funcionamento do disco. Na guitarra Edgard Scandurra (ex-Ira!), o baixo fica por conta de Régis Damasceno (Cidadão Instigado) e a bateria comandada por Curumin. Há ainda a força de Kassin conduzindo a produção do disco e encaixando com coesão as 13 faixas que compõem o delicado registro.

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Contudo, a sonoridade do álbum não é o único ponto forte do trabalho. Jeneci sabe explorar com qualidade as letras de suas canções, começando com a quase auto-ajuda Felicidade (“Você vai rir sem perceber/Felicidade é só questão de ser”), o rock Copo D’àgua (“A sua roupa, bolsa, lenço e maquiagem/Na minha cama, quarto, sala até na minha tatuagem/Quando um não quer os dois não fazem tempestade em copo d’àgua”) e a belíssima declaração de amor Dar-te-ei (“Dar-te-ei finalmente os beijos meus/ Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus/estes embalam, estes secam, mas esses ficam”). Claro que alguns erros como a excessivamente motivacional Show de Estrelas (“De que cada um de nós não é se não uma estrela/ Cada um de nós é um ser de luz”) acabam surgindo pelo disco.

A pluralidade de estilos também é uma das marcas do álbum. Há traços de música sertaneja como em Pra Sonhar, rock em Copo D’Àgua, pop na divertida Café com Leite e Rosas e a finesse tropicalista em Jardim do Éden. Sobra espaço para que Jeneci explore ao máximo sua voz e a instrumentação do disco.

Com a faixa homônima, o debut se encerra ao som de um épico com mais de sete minutos de duração abrindo espaço para violinos, percussão, pianos e experimentalismos, além da letra, facilmente entre as melhores de todo o disco. A faixa surge como uma quase prova de que a força de Jeneci e da nova geração de músicos que compõem a famigerada Música Popular Brasileira está justamente em ousar e não ficar presa a fórmulas ou tradicionalismos musicais.

Feito Pra Acabar (2010)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Tulipa Ruiz, Cidadão Instigado e Céu
Ouça: Copo D’água

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.