Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 21/05/2011

Marcelo D2
Brazilian/Hip-Hip/Samba
http://www.marcelod2.com.br/

Por: Cleber Facchi

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Amado por uns odiado por outros
disposição é a parada profissão pra poucos
porque o mestre de cerimônia usa a causa e o efeito
A perfeição é passo a passo e eu faço desse jeito

Amem ou odeiem, mas se existe alguém que foi capaz de transportar o até então suburbano hip-hop para dentro de todas as classes sociais, meios do comunicação ou debates em mesas de bar no Brasil, este foi Marcelo Maldonado Gomes Peixoto, o Marcelo D2. Depois que sua antiga banda – o polêmico coletivo de rap/hardcore Planet Hemp – chegou ao fim em meados de 2001, o rapper carioca tinha o caminho mais do que livre para se destinar a sua carreira solo (iniciada em 1998 com o disco Eu Tiro é Onda), lançando em 2003 aquela que seria sua obra máxima e um pequeno marco na música brasileira: A procura da batida perfeita.

Quando em seu primeiro trabalho solo D2 casou seus versos com samplers de clássicos do samba e da música brasileira dos anos 60 e 70, aquilo era apenas um esboço perto do que ainda estava por vir. Em seu segundo disco, o rapper vale-se dos mesmos elementos de seu trabalho de estreia, porém alagando todo o álbum com uma onda de ritmos ainda mais calorosos e que dão ao registro um toque todo suingado, dançante, repleto de desenvoltura e que cresce pela inserção de versos fáceis que seguem o mesmo despojo do som.

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Ao contrário do que era levantado na temática de sua antiga banda, em carreira solo o rapper se entrega às amenidades, imprimindo em suas letras um toque totalmente autobiográfico, pontuado por uma ironia quase imperceptível e rimas que se voltam aos mais variados estilos de vida, agradando dos ricos aos pobres de forma quase unânime. Do papo sobre videogames e crescimento com o filho Stephan em Loadeando, passando pelo hit Qual É? até a quase motivacional C.B. Sangue Bom, D2 esquiva-se a todo momento de suas antigas polêmicas relacionadas ao uso de drogas, porém, isso não quer dizer que o tema passe longe do trabalho.

Em Pilotando o Bonde da Excursão, por exemplo, o rapper se posiciona como uma espécie de guia turístico, levando seus “turistas” a conhecerem os mais variados tipos de “erva” ao redor do globo, do “Skunk” na Inglaterra, ao “Home Grow” no Canadá ou a “Manga Rosa” na Bahia. Entretanto é a postura de bom moço que prevalece, com D2 mandando versos como “Eu Sei que pau que nasce torto se endireita/ E eu exemplo vivo continuo na luta/ Graças ao Stephan, Lurdes e Luca”, exaltando sua nova fase e o amor pela família.

Produzido pelo francês naturalizado brasileiro David Corcos, A procura da batida perfeita retrata não somente a mescla entre o rap e o samba, mas elementos da própria vida de Marcelo D2, vindos do passado e se encontrando com o presente. O álbum serviria de inspiração para um bom número de artistas nacionais ou estrangeiros, que veriam no trabalho do carioca um caminho diferente para desenvolver o hip-hop. A partir desse álbum o rapper tomaria de assalto grande parte das rádios e programas ligados à música em todo o país, entretanto, o mesmo efeito não seria encontrado nos álbuns seguintes, mas isso já não seria um problema, afinal, D2 já teria seu império bem delimitado.

A Procura da Batida Perfeita (2003)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Planet Hemp, Black Alien e Emicida
Ouça: A Maldição do Samba

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.