Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 28/05/2011

Garotas Suecas
Brazilian/Garage Rock/Funk
http://www.myspace.com/garotassuecas

Por: Cleber Facchi

Fazendo com que o rock dos anos 60 e 70 soe mais atual do que nunca, o sexteto paulistano Garotas Suecas,  queridinhos da crítica nacional (e estrangeira) transformam seu disco de estreia em uma agradável seleção de sons calorosos, ritmos dançantes e certo toque de nostalgia que se estende por todo o álbum. Fruto de anos de trabalho árduo e diversas apresentações em solo tupiniquin e norte-americano, Escaldante Banda (2010) concentra tudo que há de melhor na sonoridade do grupo e traz uma variedade de faixas ainda mais inspiradas do que as que a banda já construía em seus EPs e álbuns caseiros.

Formada por Guilherme Saldanha (vocal), Tomaz Paoliello (guitarra e vocal), Irina Bertolucci (teclado e vocal), Fernando Freire (baixo e vocal), Antonio Paoliello (bateria e vocal) e Sergio Sayeg (guitarra) em meados de 2005, o grupo lentamente foi agregando uma série de críticas positivas, muito por conta de suas apresentações sempre entusiasmadas, utilizando do público à seu favor.

Em seu trabalho de estreia (lançado por um selo norte-americano), a banda passeia principalmente pelo período da Jovem Guarda, invocando grandes  medalhões da nossa música, como Roberto e Erasmo Carlos, Vanderléa e Ronnie Von. É possível perceber alguns toques de Soul Music no melhor estilo Tim Maia, como nas faixas Ninguém Mandou ou Tudo Bem, reforçando a extensa miscelânea de sons que dão formas ao disco. Há também um leve toque de surf music, principalmente no apurado uso dos teclados, o que aproxima o álbuns de referências externas às nacionais.

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Porém é o batuque e a gingada desenvolvidos pela banda, ressaltando as origens brasileiras (talvez o motivo de chamar tanto a atenção dos gringos) o que dá liga ao som do Garotas Suecas. Diferente da invasão de bandas que anualmente surgem se dizendo inspirados pela Jovem Guarda e o rock brasileiro dos anos 60 e 70, o sexteto paulistano sabe explorar com maestria tal sonoridade em suas músicas. Vide a condução entusiasmada de Banho de Bucha ou Mercado Roque Santeiro, ambas tomadas por uma instrumentação suingada, uma percussão quase carnavalesca e uma vivacidade que transcede décadas.

Além da sonoridade marcante são as letras carregadas de bom humor que dão um toque todo especial ao disco. A banda segue apresentando declarações de amor como na faixa Ela (“Ela me pediu para lhe dizer o quanto eu gosto dela/ E daquela dor que causa a solidão”), términos de relacionamento em Banho de Bucha (“Foi banho de bucha pra te enxaguar/Foi Banho de Bucha pra te deixar pra lá”) ou desabafos Você não é tudo isso meu bem (Pensei ter visto você usando uma coroa/ Mas deixa eu te contar: você não é tudo isso meu bem).

Escaldante Banda é diferente de grande parte dos lançamentos nacionais (junto de Do Amor e Tulipa Ruiz) por justamente não se inspirar inteiramente nos sons e nos artistas do exterior, mas por buscar o que já é tradicional da música brasileira e reformular isso em suas canções. Mesmo Sunday Night Blues faixa cantada em inglês e que encerra o disco é um fino exemplo do que era produzido na bossa nova dos anos 60. O Garotas Suecas pode parecer um perfeito produto de exportação, mas que funciona ainda melhor em território nacional.

Escaldante Banda (2010)

Nota: 8.7
Para quem gosta de: Cérebro Eletrônico, Do Amor e Charme Chulo
Ouça: Banho de Bucha

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.