Pato Fu
Brazilian/Pop/Alternative
http://www.patofu.com.br/

Por: Cleber Facchi

Qualquer um que tivesse ouvido Toda Cura Para Todo Mal (2005), sétimo disco de estúdio da mineira Pato Fu teria dificuldades em acreditar que o quinteto de Belo Horizonte pudesse superar aquele empolgante registro. Entretanto, qualquer um que acompanhasse a banda desde seus primórdios, ou que tivesse uma boa noção de seus trabalhos saberia que o melhor ainda estava por vir. Foi assim em 2007, quando o grupo lançou mais um registro da mesma excepcionalidade, Daqui Pro Futuro.

Assim como no trabalho de 2005, o oitavo álbum da banda formada por Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Lulu Camargo acaba se apresentando como um registro coeso, dotado de sons límpidos e seguindo por uma linha sempre bem definida. Diferente dos primeiros registros da banda, onde havia uma multiplicidade incontrolável de sons, ritmos, texturas e vocais reconfigurados (brincando inclusive com os sotaques), agora os mineiros rumavam para um som cuidadoso, ainda mais pop e radiofônico do que o que era produzido em seus primeiros lançamentos.

Gravado no estúdio 128 Japs, situado na casa de John e Fernanda, e lançado através do selo Rotomusic, do próprio grupo, Daqui Pro Futuro é um trabalho que brinca com os ritmos e as melodias. Todos os instrumentos do álbum são explorados de forma detalhista, embarcando o ouvinte em um mar de tranquilidade acústica, onde um leve toque de melancolia se esconde por entre as letras e os sons.

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Da mesma forma que no trabalho anterior, o oitavo álbum do Pato Fu evidencia ainda mais a figura de Ulhoa como um dos grandes compositores da nossa música. Um dos melhores exemplares da boa safra do compositor vem da letra de A Verdade Sobre o Tempo. A faixa, carregada de referências sobre a efemeridade da vida (e do tempo) brilha como uma das mais belas de toda a discografia da banda, competindo de igual para igual com outros clássicos do grupo, como Um Ponto Oito, Perdendo Dentes ou Canção para Viver Mais.

Ao mesmo tempo em que o músico se evidencia como um exímio compositor, a presença de Takai como letrista (algo que passou a se manifestar com intensidade nos últimos álbuns da banda) se intensifica. Da parceria entre o casal brilham músicas como Vagalume, uma canção adocicada, típica das lançadas pela banda e lembrando muito o que fora proposto nos discos Isopor (1999) ou Ruído Rosa (2001). Surgem também parcerias com outros nomes, como o conterrâneo Rubinho Troll, que já havia contribuído com outras composições em anteriores discos da banda. O quinteto aproveita ainda para regravar Cities in Dust, da banda britânica Siouxsie & the Banshees, uma de suas grandes influências.

Daqui Pro Futuro vem de uma sequência de álbuns em que a banda se mantém soberana na criação de hits, sendo que cada uma de suas faixas evidenciam-se como um sucesso em potencial. Delicado, o registro aponta que os mais de 15 anos de carreira do grupo tiveram uma funcionalidade única, culminando no lançamento de trabalhos marcados pela beleza instrumental e poética. Mais do que um bom registro em seu ano de lançamento, o álbum revela o quanto é possível inovar, mantendo as mesmas características de um som comercial, esquivando-se sempre do que poderia ser descartável.

Daqui Pro Futuro (2007)

Nota: 8.7
Para quem gosta de: Fernanda Takai, Ludov e Wonkavision
Ouça: A Verdade Sobre o Tempo