Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 01/06/2011

Erasmo Carlos
Brazilian/Rock/Singer-Songwriter
http://www.erasmocarlos.com.br/

 

Por: Cleber Facchi

Parecia improvável que Erasmo Carlos pudesse um dia entregar ao público um trabalho tão elaborado quanto aqueles lançados por ele nos idos dos anos 60 e 70. Desde que lançou Amar Pra Viver ou Morrer de Amor em 1982, que o músico, um dos ícones da Jovem Guarda, não lançava algo realmente interessante, apenas alguns parcos hits, trabalhos ao vivo, participações no trabalho de outros artistas ou coletâneas esporádicas. Em 2009, entretanto, o eterno Tremendão surpreendeu a todos, lançando um álbum de pura vivacidade e de muito Rock ‘n’ Roll.

Quem esperava por um trabalho repleto de composições que ressaltassem a eterna (e desgastada) pareceria com Roberto Carlos acabou por encontrar uma bela surpresa ao ouvir o novo álbum. Erasmo foi ao encontro do novas fórmulas e parcerias para seu trabalho, desvencilhando-se da postura romântica (e quase brega) de seus anteriores discos, desenvolvendo um álbum que, embora nostálgico soa de maneira jovem, contemporânea e renovada. Fazendo valer a sua “fama de mau” o músico cerca-se de boas guitarras e entrega ao público um trabalho que faz jus ao sucesso que há tempos o cerca.

Como bom mulherengo que sempre foi, o cantor traz para o disco a excelente A Guitarra é Uma Mulher, parceria com o compositor Chico Amaral, em que além dos versos exaltando a figura feminina apresenta bons solos de guitarra (todos elaborados pelo guitarrista carioca Billy Brandão), expondo com empenho o som que dá nome ao álbum. Já em Olhar de Mangá, Carlos presta sua homenagem às mais variadas mulheres, trazendo para dentro da faixa nomes como Rita Lee, Malu Mader, Madonna e até Margie Simpson, todas com “olhos de pidona”.

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Autobiográfico e bem humorado, o músico faz de Cover uma espécie de “desabafo”, afinal, como o próprio afirma ao longo da faixa, durante toda a carreira já se deparou com covers de Elvis Presley, Roberto Carlos, Michael Jackson e Beatles, mas nunca alguém que se fantasiasse de Erasmo Carlos. Além dos versos divertidos, a composição mergulha fundo nas raízes do rock, trazendo um som carregado de pianos e guitarras bem equilibradas, lembrando muito o que era exposto na música dos anos 50 e princípios da década de 1960.

Mesmo que o álbum evidencie essa postura renovada do Tremendão, revelando sua faceta roqueira, ainda é possível se deparar com algumas composições puramente românticas, trazendo o Erasmo apaixonado e confessional que tanto conquistou o coração das senhorinhas. Da parceria com Nelson Motta, por exemplo, surge a balda Chuva Ácida, um melancólico agrupado de versos que tratam sobre um fim de relacionamento (Chuva Ácida/ Dia frio sem Sol/ Nossa história/ Chega ao fim do fim/ Foi tão longe/ Foi tão fundo/ Mas agora é hora de dar bye, bye). Contudo é o rock e canções aos moldes de Um Beijo é Um Tiro (parceria com Nando Reis), Noite Perfeita (Uma Farra no Tempo) e Encontros às Escuras que predominam e dão fôlego ao álbum.

Erasmo se permite ainda a experimentar novos tipos de som, como o apresentado na faixa de encerramento Celebridade. Distante do rock clássico que pontua o disco, o músico – acompanhado do baterista João Barone (Os Paralamas do Sucesso) e do trio Monteiro Jr. (Saxofone), Bidu (trombone) e Jéferson Vistor (trompete) – se aventura nos sons do Ska, mostrando mais uma vez seguir por uma sonoridade distante daquela que por tanto tempo o acompanhou, mas que agora parece (felizmente) deixada de lado.

 

Rock ‘n’ Roll (2009)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Roberto Carlos, Nando Reis e Ronnie Von
Ouça: Jogo Sujo

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.