Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 06/06/2011

Wander Wildner
Brazilian/Rock/Alternative
http://www.myspace.com/wanderwildner

 

Por: Cleber Facchi

Quando Wander Wildner assumiu novamente os vocais de sua antiga banda, Os Replicantes, em meados dos anos 2000 estava mais do que claro que tal incursão seria temporária. Nem o lançamento do ótimo Go Ahead (2003) e a extensa turnê pela Europa (com a banda fazendo 24 shows em 27 dias) seriam suficientes para afastar o músico gaúcho de sua bem sucedida carreira solo, que em 2004 alcançou seu ápice com o lançamento de seu quarto álbum de estúdio: Paraquedas do Coração.

A fórmula do “Punk Brega” inaugurada pelo cantor em seu primeiro disco – Baladas Sangrentas de 1996 – parecia finalmente organizada. De um lado, um bem sucedido arranjo de guitarras reforçando a maestria do músico e ligando o artista a sua antiga banda, do outro as letras carregadas de um sofrimento quase melodramático, com Wander elaborando sua espécie de ode aos mestres da música brega, como Wando, Odair José (principalmente) e alguns toques de Belchior. Soma-se ainda uma predisposição aos ritmos originários do sul, trazendo elementos da música folclórica uruguaia e argentina, e de todo o cruzamento cultural gerado na região dos pampas.

Entretanto, todos estes elementos já se tornavam visíveis nos anteriores registros do músico, faltava ao trabalho de Wildner alguém que pudesse organizar tais ritmos de forma concisa, além de amarrar hits certeiros, feito os que eram encontrados em sua estreia. Para isso, Wander resolveu repetir a mesma parceria de seu debut em carreira solo, convidando o produtor Tom Capone para que este comandasse os rumos de seu quarto trabalho. O resultado se converte naquele que é o melhor trabalho da carreira do músico gaúcho.

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De cara o álbum presenteia o ouvinte com essa convergência de sons através da faixa Rodando El Mundo, que fica ainda mais completa através da inclusão de um apurado arranjo de cordas e com o cantor derramando seus versos em castelhano, dentro de um registro que une o cômico com o sofrido. A mesma temática se repete mais à frente, com Wildner destilando as calientes faixas Pablo, adonde estas? e  Ganas de vivir, trazendo dessa vez uma série de ritmos que exploram as mais variadas tendências da música latina.

Assim como em seus anteriores trabalhos, o gaúcho faz de uma série de parcerias e regravações um dos grandes motes do seu trabalho. Ainda nos minutos iniciais do álbum, Wildner transforma a clássica Candy, composta por Iggy Pop, em uma composição completamente sua. O mesmo vale para a adaptação de I Belive in Miracles (Eu Acredito em Milagres),  do Ramones ou ainda a regravação de Hippie, Punk, Rajneesh, encontrada originalmente no primeiro álbum dos Replicantes, O Futuro é Vortex de 1986.

Entretanto, a grande beleza de Paraquedas do Coração está escondida (ou exposta) dentro de suas composições inéditas. Vem daí a emocional Eu Não Consigo Ser Alegre o Tempo Inteiro, uma das maiores ou a maior canção de Wildner, que unida a faixas como Eu Tenho Uma Camisa Escrita Eu Te Amo, Bebendo Vinho e Anjos & Demônios reforçam a habilidade do gaúcho como um dos mais sinceros compositores de nossa geração.

 

Wander Wildner

Paraquedas do Coração (2004)

 

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Os Replicantes, Graforréia Xilarmônica e Bidê ou Balde
Ouça: Eu Não Consigo Ser Alegre O Tempo Inteiro

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.