Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 01/02/2011

Stuart
Alternative/Punk Brega/Indie
http://www.myspace.com/stuart

 

Mais conhecida pela tradição germânica e por suas sempre atrativas edições da Oktoberfest, a cidade de Blumenau no nordeste de Santa Catarina é também casa do quarteto Stuart. Surgida ainda no final dos anos 90, a banda vem munida de diversas gravações caseiras, fitas demo e canções avulsas sempre trabalhadas em cima de uma instrumentação crua e que tem como ápice o lançamento do álbum Honestidade Não Enche a Barriga (2006), uma quase coletânea de antigas regravações e faixas inéditas repletas de energia e muito bom humor.

Se o álcool é combustível para as principais festas tradicionalistas da cidade do grupo é ele também o principal mecanismo de estímulo para a banda. Sempre cantando sobre os excessos da bebedeira, declarações de amor, festas, mulheres e filosofias de boteco o grupo não está nem um pouco interessado em dar vazão a um som contemporâneo e límpido. Suas composições vem visivelmente inspiradas no proto-punk dos Stooges, passando pelos Ramones e pelo punk rock nacional dos anos 80, principalmente através do som dos gaúchos da Replicantes. The Clash, Wilco, Johnny Cash e até Pavement completam as referências do grupo.

Contudo são nos toques de música brega (principalmente nas letras das canções) que o grupo mostra de fato a que veio. Claramente inspirados pela discografia do vizinho Wander Wildner (que também canta na faixa Postes Feios), além da utilização constante de violões e teclados fez com que o som do grupo fosse caracterizado como Punk Brega.

Ao ouvir Honestidade Não Enche a Barriga não vá esperando um disco repleto de letras inteligentes ou arranjos elaborados, pelo contrário é com um trabalho simples e tosco que você irá se deparar. Até a banda sabe dos seus limites e assume isso. Em Final de Tarde, por exemplo, a própria letra já despeja: “Seus discos de MPB com suas letras cabeças/São muito pra minha cabeça/E eu não sou tão poeta assim/Por isso eu só falo de mim e das merdas que eu fiz no passado e eu continuo fazendo”. E é dentro dessa honestidade que o álbum vai se construindo.

A sinceridade nas composições do grupo se traduz por fim e faixas como Sem valor pra nós dois, Um bom motivo (perfeita para pós-relacionamentos), Esperando te ver, O dia de gritar mais alto e Chove todo dia na minha cidade. Depois de algumas audições fica mais do que claro que é na simplicidade que se consolida cada uma das faixas, sendo que qualquer excesso ou pureza que ali fosse inserida soaria incoerente ou não teria o mesmo efeito.

Se a banda afirma no título do álbum que honestidade não enche a barriga de ninguém, pelo menos a honestidade do grupo em cada uma de suas criações enche os ouvidos dos ouvintes com ótimas canções. Nada de fórmulas e exageros, apenas rock, sem enrolações e divertido.

 

Honestidade Não Enche A Barriga (2006)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Wander Wildner, Superguidis e Pipodélica
Ouça: Postes Feios

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.