Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 22/06/2011

Frank Jorge
Brazilian/Rock/Alternative
http://www.myspace.com/frankjorge

 

Por: Cleber Facchi

São excessivamente simples as definições dadas pelo dicionário a palavras como “Romântico”, “Apaixonado” ou “Amor”. É como se mesmo em meio a diversas terminologias e significados, o real sentido dessas palavras ainda fosse impossível de ser decodificado. Entretanto, o que os livros não conseguem explicar, o músico gaúcho Frank Jorge transmite em pouco mais 30 minutos através de sua obra máxima, o disco Carteira Nacional de Apaixonado (2000). Usando das frequências da Jovem Guarda, o cantor prepara uma verdadeira aula aos não iniciados nas questões amorosas.

Parte importante de alguns dos maiores grupos que surgiram no rock do Rio Grande do Sul nas últimas três décadas, como Cascavelletes e (principalmente) Graforréia Xilarmônica – projeto que desenvolveu ao lado dos irmãos Alexandre e Marcelo Birck – , Jorge faz de sua estreia em carreira solo um álbum que se divide entre as melancolias do amor e doses significantes de bom humor. Misturando Beatles com um Roberto Carlos dos anos 60 e 70, o gaúcho nos convida a adentrar suas pérolas do romantismo, adornando tudo com boas guitarras, pianos e teclados melódicos.

Do princípio ao fim do disco, todas as canções exalam sensações estonteantes, divididas entre términos e inícios de relacionamentos, sejam eles reais ou fictícios, casos que circundam a figura de Frank Jorge ou histórias alheias que ele prefere retratar. Na época com 34 anos, o músico faz de seus versos a morada de um sentimento universal, dialogando tanto com adolescentes em plena descoberta do amor, quanto com aqueles que tem em tal sentimento uma espécie de companheiro de longa data.

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Embora abra espaço para que declarações de amor tomem forma é através da saudade que o gaúcho proporciona as melhores canções de todo o álbum. Em Nunca Diga (regravada por um bom número de artistas da música nacional), Jorge canta à falta de atenção de sua amada, uma espécie de oposto ao que é encontrado em Esperando a Saudade, um tipo de ode ao sentimento que tantos evitam, mas que o músico tende a cultivar. Na canção, Jorge expõe “Gosto tanto que até/ A ficar sem te ver/ Esperando a saudade aumentar meu amor/ Por você”, fazendo do doloroso sentimento um brinquedo em suas mãos.

Se em grande parte do trabalho o músico se protege com as tendências da Jovem Guarda, algo que lhe serve como importante ferramenta para dar mobilidade às músicas, a descoberta e a utilização de novos ritmos é o que proporciona destaque ao registro. Além de algumas claras preferências e incursões pela música eletrônica (dentro de seus limites), Jorge preenche algumas faixas do álbum com ritmos voltados às acalentadas sonoridades latinas, introduzindo doses relevantes de música cubana, como o retratado na faixa Bela.

Dividido entre Liverpool, as curvas da estrada de Santos, Porto Alegre e Havana, Frank Jorge faz com que além do romantismo exagerado, suas faixas presenteiem os ouvintes com canções repletas de positivismo, esbanjando frases do tipo “Tudo que eu sonhar, espero concretizar com o tempo” em Sensores Unilaterais ou “Saiba que o belo da vida ainda está para nascer” na sofrida Nunca Diga. Em seus trabalhos seguintes – Vida de Verdade (2008) e Volume 3 (2008) -, o músico deu continuidade ao mesmo som abordado em sua estreia, porém longe do mesmo cuidado e do mesmo sentimento romântico exposto com tamanha propriedade em seu “debut”.

Carteira Nacional de Apaixonado (2000)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Graforréia Xilarmônica, Jupiter Maçã e Vídeo Hits
Ouça: Nunca Diga

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.