Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 21/07/2011

Holger
Brazilian/Indie/Afrobeat
http://www.myspace.com/myholger

Por: Cleber Facchi

Quando The Green Valley EP, primeiro registro do grupo paulistano Holger foi lançado em meados de 2008, todos os limites e referências que envolviam a sonoridade da banda estavam traçados. Da década de 90 vinham as influências dos grandes representantes do indie rock, tendo na imagem do Pavement seu maior representante. Do novo século vinham as referências dos grandes coletivos musicais, como o Broken Social Scene e em alguns momentos um I’m From Barcelona menos pueril. Isso até que a banda lançasse de vez seu primeiro álbum de estúdio.

Enquanto em seu primeiro EP o quinteto formado por Pedro (Baixo, Guitarra e Voz) Arthur (Banjo, Bateria, Cavaquinho, Guitarra, Percussão e Voz), Tché (Baixo, Guitarra e Voz), Marcelo (Baixo, Banjo, Guitarra e Voz) e Bernado (Baixo, Bateria, Guitarra, Percussão e Voz) se mobilizava na construção de um som que mesmo exaltado mantinha certo toque de frieza, em Sunga (2010, Avalanche Tropical), primeiro registro do grupo, a banda solta definitivamente suas amarras, se entregando através de faixas sempre quentes, festivas e de puro frescor criativo.

As anteriores referências apresentadas pela banda ainda se mantém através do registro de 11 faixas, porém, além do vasto agregado de influências, os paulistanos apresentam suas canções através de toque nada moderado de ritmos africanos, caribenhos e até mesmo algumas doses de axé music. Ensolarado, tribal e tomado pela comicidade, o quinteto segue pela mesma trilha pop e musicalmente plural deixada por grupos como Vampire Weekend e Dirty Projectors, além de visitar as obras do gênio Fella Kuti (pai do Afrobeat) e alguns ensinamentos de Luiz Caldas.

Um dos grandes acertos da banda (se não o maior deles) foi transportar para dentro do estúdio toda a energia mobilizada através de suas apresentações ao vivo, verdadeiras celebrações em que o público se revela como um sexto integrante do grupo, gerando uma verdadeira catarse musical. O resultado desses momentos festivos se revela através de canções como Let’em Shine Below, música que se fosse cantada em português seria o novo hit do carnaval baiano, ou Beaver, faixa transformada em um verdadeiro ritual indígena através de seu único verso “Beaver, won’t you get me Halloum and Coke?”.

Com os membros se revezando através dos vocais e da instrumentação, Sunga se transforma em um trabalho de pura multiplicidade, em que cada uma das faixas arremessa o ouvinte (e os próprios integrantes da banda) para inúmeras direções. Enquanto Caribbean Nights centraliza seus esforços em cima de uma produção climática e regional, Toothless Turtles regressa ao primeiro EP do quinteto (soando muito próxima do que era representado através de The Auction), isso antes de Eagle trazer alguns toques mais sintéticos ao trabalho, gerando um trabalho sempre instável.

Mesmo cantado inteiramente em inglês, o álbum não deixa de lado sua aproximação com a música brasileira, traduzindo tal proximidade através das guitarras suingadas da banda ou mesmo pelo clima contagiante repassado através de cada uma das canções. Divertido e musicalmente vasto, Sunga é um trabalho que cresce em cada nova audição, revelando detalhes anteriormente inéditos e faixas que soam de maneira sempre renovada.

Sunga (2010, Avalanche Tropical)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Do Amor, Homemade Blockbuster e Wannabe Jalva
Ouça: Beaver e Let’em Shine Below

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.