Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 26/07/2011

Black Alien
Brazilian/Hip-Hop/Reggae
http://www.myspace.com/blackalienbr

Por: Cleber Facchi

Com o fim das atividades do Planet Hemp em 2001, qualquer tipo de expectativa relacionada aos trabalhos do grupo se voltariam aos integrantes da extinta banda e seus respectivos trabalhos solo. Marcelo D2 que já havia lançado sua estreia em 1998 com o álbum Eu Tiro é Onda reservaria para 2003 sua obra-prima, o conceitual A Procura da Batida Perfeita. No mesmo ano BNegão aliado aos Seletores de Frequências apresentaria ao mundo sua impactante estreia, o também excelente Enxugando Gelo. Entretanto, o melhor ainda estava por vir.

Embora não fizesse parte do Planet Hemp em sua primeira formação, Black Alien esteve ao lado do grupo desde que ele foi montado no começo dos anos 90, participando ativamente da construção do primeiro disco da banda, Usuário (1995) e mais tarde adentrando oficialmente a formação do grupo. A partir do álbum Os Cães Ladram, Mas a Caravana não Para (1997), Alien (nascido Gustavo de Almeida Ribeiro) já seria uma das principais mentes do grupo, algo que talvez só se comprovaria anos mais tarde, com o lançamento de seu primeiro álbum solo.

Se mantendo dentro dos limites propostos pelo hip-hop, mas passeando livremente pelos ritmos do Reggae, Dancehall, Funk, Dub e Grime, Babylon By Gus Volume. 1 – O Ano do Macaco (2004, Deckdisc) estreia do rapper traria uma profunda contribuição para dentro do cenário brasileiro, proporcionando um tipo de medida poucas vezes vista dentro do estilo em lançamentos nacionais. Instrumentalmente bem conduzido e não poupando na hora de construir seus versos, o carioca  nascido em São Gonçalo faz de seu debut um trabalho criativo e instigante.

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Climático, o registro abre em meio a samplers de macacos e uma musicalidade oriental, meras bases para o apanhado de versos ora cantados em inglês, ora em português que viriam com a faixa Mister Niterói. Passeando por entre versos ácidos (Umaextrapunkprumextrafunk e America 21), algumas doses de romantismo (Como Eu Te Quero), um olhar sobre sua origem (Estilo de Gueto e Babylon By Gus), além de um vasto apanhado de composições esculpidas com cuidado, sempre tomadas de despojo, alguns toques de ironia, seriedade e também bom humor.

Mesmo que sejam os versos a grande força que movimenta o disco, Alien não poupa esforços na hora de construir as bases para suas composições, algo bem exemplificado pela faixa que dá nome ao trabalho, onde pianos sampleados, naipes de metais e uma sonoridade totalmente orquestrada se entrelaça em meio as batidas secas da canção. As predisposições ao reggae também são constantemente exaltadas, resultando em composições levemente esvoaçadas e minimamente preguiçosas como Na Segunda Vinda e principalmente em Como Eu Te Quero.

Dialogando fortemente com o que estava em plena produção no hip-hop estrangeiro naquele momento (principalmente com o que era proclamado em território britânico), ao ser apresentado ao público e a crítica na época de seu lançamento registro acabou soando de forma estranha perante ao que havia no rap nacional. Entretanto, a estreia de Black Alien é um registro essencial, um trabalho à frente de seu tempo, que preza por uma produção límpida, minuciosa e versos que devem ser ouvidos repetidas vezes na busca de sua máxima compreensão.

Babylon By Gus Volume 1 – O Ano do Macaco (2004, Deckdisc)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: BNegão e os Seletores de Frequências, Marcelo D2 e Planet Hemp
Ouça: Babylon By Gus e Na Segunda Vinda

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.