Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 27/07/2011

Cascadura
Brazilian/Alternative/Rock
http://www.myspace.com/cascadurarock

 

Por: Cleber Facchi

O ano era 1992. Enquanto a capital baiana Salvador se preparava para a explosão do Axé Music, que naquele momento já tomava proporções nacionais, um grupo de garotos resolveu ir contra tudo que era produzido naquele período e mobilizar um som em que as guitarras eram empregadas com força, destreza e certo toque de agressividade. Influenciados pelo rock da década de 1970 e mesclas do rock alternativo (que naquele momento vivia seu período de glória) nascia o Cascadura, banda que seria um dos símbolos da resistência do rock baiano em um território onde os ritmos carnavalescos prevaleceriam.

Em meio a diversas formações e trocas quase constantes de membros do grupo, apenas a figura de Fábio Magalhães, criador da banda, se manteria de maneira intocável. Após alguns bons registros lançados ao longo da década de 1990, a maturidade viria nos anos 2000, mais especificamente em 2004, com o lançamento do elogiado Vivendo em Grande Estilo. Repercutindo de maneira positiva através da imprensa nacional, o álbum traria destaque ao grupo baiano, servindo para apresentar o som da banda aos que ainda desconheciam seu trabalho.

Quem já estava satisfeito com o registro de 2004 – trabalho em que a banda apresentava grandes composições como Queda Livre, Minha Doce Senhora e Retribuição – ficaria ainda mais satisfeito com o resultado que seria apresentado dois anos mais tarde, através do disco Bogary (2006, Tratore), álbum que evidenciaria o grupo como um dos grandes representantes do rock alternativo nacional além de permitir que as guitarras da banda mais uma vez soassem de maneira clara e ensurdecedora.

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Através de 13 faixas a banda mantém a mesma prerrogativa de seus anteriores registros, não poupando no peso de seus instrumentos, que para além de guitarras aceleradas e tomadas de boas distorções evidenciam uma bateria espancada até seu último segundo e um baixo, que em nenhum momento se mantém como figurante, mas parece conduzir o rumo de grande parte das composições. Pesado, o registro mantém sua ligação com a década de 70, embora evidencie uma maior preferência ao rock dos anos 90 ou mesmo o hard rock da década de 80.

A sonoridade sempre densa das composições funciona como um belo plano de fundo para letras que passeiam por diversas referências. Entre toques de literatura, como em Senhor das Moscas, ou mesmo em canções de amor aos moldes de Mesmo eu Estando do Outro Lado, o que não faltam são versos sempre tomados força, a mesma que delimita a sonoridade das canções e que acaba resultando em um disco sério e conciso, um trabalho que parece tapar qualquer lacuna com rifes pesados de guitarras ou versos tomados de maturidade.

Mesmo dono de uma sonoridade diferente da que inundava o rock alternativo nacional naquele momento, Bogary (o nome vem de uma suposta praia situada em Salvador) se posicionou como um trabalho de destaque em diversas publicações brasileiras no ano de seu lançamento, sendo elogiado por jornalistas e músicos dos quatro cantos do país. Mais do que tudo o álbum é a constatação máxima de uma das maiores bandas do país, um disco para quem não tem medo de boas guitarradas e letras fortes.

 

Bogary (2006, Tratore)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Terminal Guadalupe, Los Porongas e Vivendo do Ócio
Ouça: Senhor das Moscas

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.