Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 30/07/2011

Superguidis
Brazilian/Indie Rock/Alternative Rock
2002 – 2011

Por: Cleber Facchi

O quanto uma banda pode amadurecer entre um disco e outro? Esta foi a pergunta feita por uma série de publicações, especializadas ou não, assim que A Amarga Sinfonia Do Superstar (2007,Senhor F), segundo álbum do Superguidis chegou ao público. Em um espaço de menos de um ano, o grupo gaúcho inverteu sua sonoridade quase por completo, entregando um álbum que se distanciava visivelmente de sua estreia, abandonando seu toque jovial e de comicidade em prol de um trabalho adulto que à princípio causou certa estranheza.

Não mais composições engraçadinhas como O Banana, Malevolosidade ou O Coraçãozinho se fariam presentes no trabalho do quarteto, agora inteiramente focado em construir composições mais sérias, diluídas em um universo de novos adultos e levemente tocadas pela melancolia. Se antes o Superguidis exaltava ao amor, términos de relacionamentos e até sobre o envelhecimento de maneira bem humorada, em seu segundo trabalho estes mesmos temas se mantém, porém presos dentro de temáticas muito mais sérias e em alguns momentos até pessimistas.

Em Ainda Sem Nome, que havia ficado de fora do primeiro disco, o vocalista Andrio Maquenzi arremessa para cima do ouvinte uma série de versos quase sombrios, que em união ao volumoso corpo de guitarras evidencia todas as diferenças do álbum em relação ao primeiro disco da banda. Surgem ainda composições como Nunca Vou Saber, Mais do Que Isso ou 6 Anos, que por conta de sua letra saudosista puxa o ouvinte ainda mais para baixo dentro da maré de melancolia que toma  destaque em uma grande parte do disco.

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A produção de Phelippe Seabra (vocalista e guitarrista da banda brasiliense Plebe Rude) se reflete com perfeição ao longo do disco, em que as guitarras ganham tonalidades ainda mais densas do que as apresentadas no decorrer do primeiro álbum. Se havia um leve toque de Lo-Fi no resultado exposto pela estreia da banda – fruto óbvio das gravações limitadas que o quarteto acabou enfrentando –, com o segundo registro as composições surgem mais límpidas, evidenciando de forma ainda mais surpreendente a instrumentação pesada do grupo.

Fazendo jus ao apanhado de citações que os comparavam com grupos como Sonic Youth, Foo Fighters e Mudhoney, sempre utilizando das guitarras da banda como esse elemento de proximidade, ao longo de A Amarga Sinfonia Do Superstar os gaúchos não medem esforços em sentar a mão em seus instrumentos, arremessando para cima dos ouvintes uma sequência de guitarradas estrategicamente montadas para surpreender. Destacam-se faixas como Parte Boa ou O Cheiro de Óleo, em que mesmo agressivos os instrumentos não abandonam seu lado melódico.

Embora encarado pela crítica como um registro demasiado maduro, o álbum acabou se posicionando como um bom registro em seu ano de lançamento, figurando em uma série de publicações nacionais como um dos melhores trabalhos do ano. A boa repercussão do disco rendeu ao grupo uma série de excelentes shows espalhados por diversos festivais de música independente em todo o país, o que acabou firmando o quarteto gaúcho não apenas como um dos grandes nomes apenas naquele momento, mas escrevendo o nome do Superguidis para sempre na história do rock nacional.

A Amarga Sinfonia do Superstar (2007, Senhor F)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Cartolas, Pública e Volantes
Ouça: Ainda Sem Nome

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.