Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 03/08/2011

Los Hermanos
Brazilian/Alternative/Indie
http://www2.uol.com.br/loshermanos/

Por: Cleber Facchi

Há tempos um lançamento nacional não causava tanto furor quanto a chegada do quarto álbum do grupo Los Hermanos. Antes mesmo do disco ganhar formas, a imprensa brasileira corria atrás de sempre raras entrevistas com a banda, tentando de alguma maneira compreender o pequeno fenômeno causado pelos quatro músicos cariocas, que com pouco menos de dez anos de carreira já eram capazes de lotar enormes casas de shows e alimentar um culto quase religioso através de seus sempre fiéis seguidores.

Logo que lançado, o disco simplesmente denominado 4 (2005, Sony BMG) causou estranheza em meio as observações da crítica, porém foi absorvido com louvor pelo público, que não se incomodou com a brusca mudança na sonoridade proposta pela banda. Distantes do rock alternativo que delimitava seus dois anteriores lançamentos – Bloco do Eu Sozinho (2001) e Ventura (2003) -, o quarteto se curvava em outra direção, propondo uma condução muito mais voltada aos sons da MPB, produzindo um álbum adornado por uma sonoridade sombria e intimista.

Em seu quarto registro de estúdio – que além de ser lançado em CD ganhou uma tiragem limitada em vinil -, o quarteto opta por um disco menor, tanto pelo número de composições (são 12 no total) como pela instrumentação que delimita as faixas. Enquanto nos discos que precedem o delicado álbum havia a busca por um som carregado de elementos, mesclando guitarras radiantes com um volumoso naipe de metais, em 4 tudo se propõem de forma reducionista, com as guitarras sendo parcialmente substituídas por violões e as faixas administradas de forma branda.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=sRDFAcR7eDI]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=x0sl8AXSJ94]

Dentro desse universo de composições amenas surgem canções como Sapato Novo, música que transita por entre uma musicalidade obscura, movida apenas pelo violão de Marcelo Camelo e uma atmosfera etérea proporcionada pelos teclados de Bruno Medina. Mesmo quando a banda opta pelo uso das guitarras o resultado não escapa dos limites soturnos que tomam conta do disco, resultando em canções como Os Pássaros, em que a guitarra Rodrigo Amarante e a bateria jazzística de Rodrigo Barba transformam a faixa em um reduto de puro sofrimento.

Mesmo que boa parte do trabalho seja composto dentro de um ambiente instrumental nublado, faixas aos moldes de Morena e O Vento trazem ao disco alguns momentos ensolarados, fazendo com que o disco se aproxime do mesmo tipo de som lançado pela banda em seus antigos projetos. Dentro desse mesmo tipo de som vem Condicional, faixa mais distinta do disco e música que melhor se assemelha ao que a banda propôs em seu último disco, com Amarante passeando entusiasmado com sua guitarra e seu vocal anasalado.

Independente de ser classificado como um trabalho irregular ou distinto, 4 materializava a profunda divisão que tomaria conta do grupo dois anos mais tarde, com a banda entrando em um “recesso por tempo ilimitado”, em que cada integrante do grupo partiria em busca de novos projetos. Embora traga um resultado de menor qualidade quando comparado aos demais álbuns do quarteto, o disco se mantém como um projeto intocável e dono de grandes clássicos dos cariocas, mostrando que o Los Hermanos mesmo “errando” ainda assim seria capaz de acertar.

4 (2005, Sony BMG)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Marcelo Camelo, Little Joy e Móveis Coloniais de Acaju
Ouça: O Vento e Condicional

[soundcloud width=”100%” height=”81″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/tracks/17797656″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.