Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 11/08/2011

The National
Indie/Alternative/Rock
http://www.myspace.com/thenational

Por: Cleber Facchi

Quem acompanha uma banda desde seu surgimento aguarda ansioso pelo memento em que o grupo em questão revele ao público seu trabalho mais maduro, aquele registro que se manterá de forma memorável pelos anos seguintes e o álbum pelo qual o grupo será sempre lembrado. Para algumas bandas esse ápice musical aparece logo durante seus primeiros anos de atuação (Arcade Fire, por exemplo), outras o lançam de maneira esporádica, enquanto alguns levam décadas de aprendizado até apresentarem sua obra máxima. Outros como o The National são capazes de um feito que raramente se manifesta: nascer de forma adulta e crescer ainda mais em cada novo lançamento.

Por mais que a homônima estreia do grupo de Cincinnati, Ohio lançada em outubro de 2001 apresentasse um resultado muito aquém do que a banda seria capaz de desenvolver futuramente, todas as estratégias do quinteto já estavam lançadas, com as inéditas composições traçando uma linha de aproximação entre o pós-punk inglês dos anos 80, o indie rock norte-americano da década de 90 e leves emanações vindas da música folk de diferentes épocas. Entretanto, mesmo maduro, o The National seria capaz de atingir um estágio ainda mais elevado em suas seguintes criações.

Por mais que o aspecto soturno e as mesmas experimentações instrumentais do primeiro álbum ainda se fizessem presentes em Sad Songs for Dirty Lovers, disco de 2003 e segundo trabalho da banda, os caminhos do quinteto formado por Matt Berninger, Aaron e Bryce Dessner, Bryan e Scott Devendorf pareciam lentamente convergir para um mundo de composições cada vez mais dolorosas, intimistas e regadas por incontáveis doses de álcool. Um mundo onde a banda ingressaria dois anos mais tarde com a chegada de seu terceiro e mais introspectivo registro em estúdio, o sofrido Alligator (2005, Beggars Banquet Records).

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Primeiro trabalho do grupo em sua nova gravadora – a banda deixou a Brassland Records para trabalhar com a Beggars Banquet Records -, o álbum trazia logo em sua faixa de abertura a busca da banda por uma sonoridade renovada, que mesmo recheada de tonalidades melancólicas e intimistas, pareciam propícias para serem cantadas aos gritos, em um ato de puro desespero. As guitarras surgem como elementos de destaque dentro do disco, acompanhando a voz em barítono de  Berninger durante todo o percurso do álbum, algo bastante perceptível em faixas como Lit Up ou Looking for Astronauts.

Alligator é o primeiro trabalho do The National em que todas as composições parecem trabalhar em sintonia, como se cada faixa lentamente pavimentasse o caminho para a chegada da canção seguinte, transformando o registro em um trabalho que merece (e precisa) ser ouvido ser do princípio ao fim, como se cada uma das canções estivessem intimamente interligada. Peter Katis que havia trabalhado alguns anos antes na produção de Turn on the Bright Lights, debut do Interpol se revela como uma figura chave para a boa condução do trabalho, criando um tipo de atmosfera que posteriormente seria repetida nos seguintes lançamentos do grupo.

Por mais surpreendente que seja o disco, tanto Alligator, quanto o próprio The National só receberam o devido destaque do público por conta da insistência da crítica norte-americana, que desde seu trabalho anterior já vinha tecendo incontáveis elogios em relação aos sons apresentados pelo grupo. A partir deste álbum, o quinteto lançaria uma boa sequências de excelentes discos, trabalhos que se revelariam como verdadeiras dissidências do que fora construído através das dolorosas e belíssimas composições de seu terceiro registro.

Alligator (2005, Beggars Banquet Records)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Interpol, The Antlers e Joy Division
Ouça: Secret Meeting

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.