Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 16/08/2011

The Postal Service
Electronic/Indie/IDM
http://www.postalservicemusic.net/

 

Por: Cleber Facchi

Give Up (2003, Sub Pop), trabalho de estreia da dupla Ben Gibbard (Death Cab For Cutie) e Jimmy Tamborello (Dntel) sob o nome de The Postal Service é definitivamente um registro raro. Seja pela maneira inusitada como o disco foi desenvolvido por seus idealizadores ao longo de quase dois anos, ou mesmo pelas doces melodias e harmonias sintéticas que se abrigam em seu interior, o álbum é definitivamente um projeto único no recente história da música indie norte-americana, tanto que passados quase dez anos de seu lançamento, o delicado registro ainda não teve continuação.

Desde que Gibbard emprestou seus vocais e seus versos para a faixa (This Is) The Dream of Evan and Chan, canção que fez parte do também clássico Life Is Full Of Possibilities (2001), do projeto solo de Tamborello (o Dntel), que a parceria entre os dois músicos teve início. Buscando dar continuidade ao mesmo tipo de som proposto pelo projeto eletrônico, porém agregando referências da banda de Gibbard (o DCFC), que se formou em meados de 2001 o embrião daquilo que mais tarde resultaria nos primeiros lançamentos do The Postal Service.

Entre o verão de 2001 e o verão de 2002, Gibbard que morava em Seattle e Tamborello que habitava Los Angeles trocaram incontáveis correspondências. Enquanto o primeiro recebia as bases instrumentais e as batidas arquitetadas pelo californiano, o segundo recebia de volta os vocais, as letras e possíveis alterações no ritmo das faixas. Dessa troca constante de informações lentamente um pequeno registro foi ganhando formas, algo que só se materializaria no começo de 2003, quando Give Up pôde finalmente ser lançado, contando com o aval do memorável selo norte-americano Sub Pop.

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Quem ouve o registro pela primeira vez sem saber da história que toma conta de sua construção jamais imaginaria que tão sólido trabalho foi construído por indivíduos fisicamente tão distantes. Entretanto é na proximidade de interesses entre seus dois idealizadores que o álbum ganha formas, se transformando em um trabalho hermético, onde cada composição permanece intimamente ligada a todas as demais faixas do disco. Um álbum que permanece imutável em suas raízes, mas que se altera constantemente em seu desenvolvimento.

Transições pela IDM dos anos 90, sintetizadores delicados que parecem absorver apenas o que há de mais doce na new wave oitentista, experimentações eletrônicas, ecos de Autechre e Boards of Canada, além da mesma delicadeza pop que se esconde nos trabalhos do Death Cab, tudo isso diluído em pouco mais de 40 minutos. Surgem ainda participações mais do que essenciais para a boa condução do registro, sejam os apoios de vocais fornecidos por Jenny Lewis (Rilo Kiley) ou as guitarras de Chris Walla (DCFC), tudo parece lentamente se assentar no decorrer do álbum.

Repleto de composições pegajosas – da faixa de abertura The District Sleeps Alone Tonight ao fechamento do álbum com Natural Anthem todas as canções são verdadeiros hits em potencial -, o disco vai se locomovendo de maneira suave, tanto pela maneira como a instrumentação vai cercando o ouvinte, como pelo acabamento doloroso dados aos versos das canções. Minucioso, melancólico e doce, o disco acabaria influenciando fortemente os futuros lançamentos tanto do Dntel quanto do Death Cab For Cutie, apenas uma prova de sua incontestável excelência.

 

Give Up (2003, Sub Pop)

 

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Dntel, Death Cab For Cutie e Owl City
Ouça: Brand New Colony

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.