Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 23/08/2011

Vampire Weekend
Indie Pop/Afrobeat/Alternative
http://www.vampireweekend.com/

Por: Cleber Facchi

Inspirado pela cultura e todos os ritmos exaltados pelo continente africano, em meados de 1985 Paul Simon (uma das metades da dupla Simon & Garfunkel) fez uma série de pequenas incursões por toda a Africa, elaborando pequenas gravações e sendo acompanhado por uma série de músicos locais. O resultado desse esforço, que levou quase um ano de gravações, pós-produções e ajustes técnicos em diferentes cantos do mundo foi apresentado em outubro de 1986 através do clássico Graceland, um dos trabalhos que melhor exemplificam a explosão da World Music na década de 80 e um álbum essencial para a difusão da música pop africana pelo restante do mundo.

Exatos 20 anos após o lançamento de tão fundamental registro, quatro músicos nova-iorquinos, inspirados pela obra de Simon, por uma infinidade de artistas africanos e carregando toda a efervescência do indie rock norte-americano lançariam em meio ao badalado cenário do Brooklyn suas primeiras músicas e apresentações, nascia ali o Vampire Weekend. Rapidamente aclamados pela imprensa musical americana, o grupo só apresentaria ao mundo seu debut dois anos mais tarde, uma pequena espera que indubitavelmente valeu à pena.

É logo quando ecoam os teclados suingados de Rostam Batmanglij, a guitarra calorosa de Ezra Koenig, o baixo funcional de Chris Baio e a bateria quase tribal de Chris Tomson que todo o catálogo de referências da banda ganha formas. Entretanto, diferente de um sem número de artistas que já haviam percorrido as mesmas vias do quarteto, em sua autointitulada estreia o grupo de Nova York para além de todo seu caleidoscópio de influências, em nenhum momento deixa de lado as doses de musica pop, riffs de guitarra memoráveis e uma fluência sempre festiva e ensolarada.

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O resultado dessa busca por um som ao mesmo tempo conceitual e pop resulta em 11 composições que mesmo capazes de agradar os críticos mais exigentes, mantém uma constante aproximação com o grande público, algo bem esclarecido através dos cinco singles gerados a partir do álbum. Em Walcott, por exemplo, por mais que a sonoridade estabelecida se movimente através das guitarras tomadas ginga e os teclados essencialmente comerciais, ao fundo um colossal arranjo de cordas e um piano ensandecido vão construindo a composição, com o grupo passeando pela música erudita sem jamais abandonar sua tonalidade despojada.

Se instrumentalmente o grupo se destaca por meio de sua musicalidade inspirada e repleta de incontáveis referências, em suas letras o Vampire Weekend chama as atenções pela maneira peculiar como cada palavra vai se encaixando no meio das faixas. Tratando sobre aspectos cotidianos e temáticas bastante simplistas, em boa parte dos casos as letras parecem fugir daquilo que é exposto através das melodias, o que de certo modo resulta em um estranhamento inicial e uma completa aceitação posterior, mediante a naturalidade com que tal estratégia é apresentada.

Eleito como um dos melhores discos de 2008 – competindo com nomes como Portishead, Fleet Foxes e Hercules and Love Affair – e um dos álbuns mais importantes da década segundo uma série de importantes publicações musicais, o debut do grupo nova-iorquino surge como um dos marcos na música independente norte-americana, cada vez mais tomada pelo cruzamento de distintos ritmos e gêneros musicais. Um álbum que transforma um oceano de referências em algo integralmente seu.

 

Vampire Weekend (2008, XL/DGC)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Discovery, The Very Best e Local Natives
Ouça: Walcott e A-Punk

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.