Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 06/09/2011

The Knife
Swedish/Electronic/Synthpop
http://theknife.net/

Por: Cleber Facchi

 

Aos que acompanhavam o trabalho dos irmãos Karin Dreijer Andersson e Olof Dreijer desde que as primeiras composições da dupla foram lançadas através do The Knife no final da década de 1990, toda a surpreendente sonoridade e temática apresentada em Silent Shout no ano de 2006 talvez fosse algo simplesmente inimaginável aos padrões do duo. Transformando o sytnhpop oitentista em algo futurístico e completamente renovado, os suecos fazem de seu terceiro registro em estúdio uma obra-prima da música eletrônica contemporânea, um trabalho que flerta com diferentes gêneros da música ao mesmo tempo em que desenvolve uma sonoridade totalmente particular.

Silent Shout é um álbum que mostra à que veio logo em sua música de abertura, afinal, com pouco menos de cinco minutos de duração a homônima canção que inaugura o disco consegue agregar todos os exatos elementos que estarão presentes no restante do álbum. A faixa começa com um baixo quase inaudível, pequenas batidas que beiram o minimalismo, os vocais sombrios de  Andersson e por fim os sintetizadores de Olof, instrumento que traz a real beleza ao álbum e segue tocados de forma completamente alucinada, como se na verdade criasse vida e decidisse seus próprios rumos.

Estranhamente, mesmo tomado por uma sonoridade moldada de forma esquizofrênica e sombria, cada uma das 11 canções que dão formas e vida ao registro parecem prontas para circular pela programação de alguma rádio comercial ou mesmo disputar as atenções em algum programa de TV voltado para a música pop. Mesmo nos momentos em que a dupla se cobre com uma veste totalmente experimental, como nas faixas Na Na Na e From Off To On (com o duo brincando de IDM) há sempre um elemento que os puxa para junto de um som mais acessível, impedindo que audição do trabalho transforme-se em algo demasiado complexo.

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Diferente do que fora proposto nos dois primeiros álbuns da banda – The Knife (2001) e Deep Cuts (2003) – em Silent Shout é perceptível uma forte aproximação entre as faixas, como se o duo partilhasse de uma mesma ideia ou temática similar através do registro, algo que vai percorrendo cada uma das canções presentes no trabalho e que repercutem em um visível caráter de unidade na totalidade da obra. Cada instrumento ou mesmo os vocais artificialmente projetados de Andersson se limitam a compartilhar um mesmo ambiente, o que torna a apreciação do disco uma atividade puramente deleitosa.

Bem posicionado nas listas das principais publicações musicais ao redor do globo, a obra máxima do duo sueco abriga em seu interior um verdadeira arsenal de hits e faixas memoráveis. Há desde canções projetadas diretamente para as pistas de dança, como Neverland ou mesmo a faixa título do disco, bem como músicas que partilham de uma sonoridade mais ambiental e forte natureza experimental, feito Still Light e From Off To On, fechando todas as lacunas ou passíveis exigências do trabalho.

Conduzido como se fosse orquestrado por uma dupla de máquinas – em alguns momentos apenas a voz de Karin se revela como o único elemento orgânico das faixas -, Silent Shout é trabalho que desenvolve uma sonoridade e um ritmo totalmente próprio, sendo praticamente impossível encontrar algo similar (que não seja Fever Ray, o projeto solo de Andersson) em qualquer lançamento da última década. Poucas vezes o título de um disco fez tanto sentido quanto este “grito silencioso” do The Knife.

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Silent Shout (2006, Rabid)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Fever Ray, Planningtorock e Zeigeist
Ouça: Silent Shout

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.