Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2011

Queens Of The Stone Age
Alternative/Rock/Stoner Rock
http://www.qotsa.com/

Por: Cleber Facchi

Seja lá que substância Josh Homme tenha experimentado em meados da década de 1990, mas o fato é que o efeito perdurou até boa parte da década seguinte. Alucinado, o músico e alguns sempre inconstantes parceiros musicais fizeram de Rated R e do debut do Queens Of The Stone Age em 1998 dois trabalhos que deram novo fôlego ao Stoner Rock, sendo o registro lançado em 2000 o responsável por transformar o gênero em algo profundamente pop e dançante em sua essência, transformando os versos de Feel Good Hit of the Summer em praticamente um hino para uma juventude pseudo-junkie e sempre rodeada de ídolos pop tomados pelo bom-mocismo.

É com Songs For The Deaf de 2002, entretanto, que a banda eleva seus níveis de lisergia e experimentações musicais a um nível ainda maior, com Homme promovendo um trabalho visceral, bem humorado e entupido de guitarras suculentas, além, claro de versos ainda mais poderosos do que aqueles promovidos através do álbum anterior. Construído ao longo de curtos três meses – especificamente março e junho de 2002 -, o disco surge como um profundo passeio pelo hard rock dos anos 70 e 80, além de uma intensa aproximação do líder do grupo com os sons do rock alternativo lançados ao final da década de 1980 e até flertes com o Heavy Metal.

Acompanhado por um grupo de músicos que transformariam o QOTSA em uma espécie de banda dos sonhos – entre eles Dave Grohl (bateria), Mark Lenegan (vocais) e Nick Olivieri (baixo) -, Homme faria de seu terceiro registro à frente do grupo californiano um trabalho inundado por guitarras e batidas dilascerantes, embora mantivesse de forma constante a busca por composições melódicas e capazes de hipnotizar o grande público. Convertido em uma espécie de programa de rádio fictício – com direito a locutores aparecendo esporadicamente para anunciar a próxima faixa -, o disco segue coeso em seus quase 60 minutos, revelando uma série de verdadeiros achados musicais.

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A cada nova canção o ouvinte é acertado em cheio por mais uma sequência de riffs colossais, verdadeiros paredões de guitarras estrondosas que são erguidos em questão de segundos através da sempre volumosa instrumentação que acompanha o disco. Se a faixa de abertura You think I ain’t worth a Dollar, But I Feel Like a Millionaire não consegue lhe derrubar, o hit No one knows que vem logo na sequência assume essa tarefa, deixando para First it giveth qualquer indivíduo que ainda escape da espessa e impactante instrumentação que acompanha o trabalho do grupo.

Como boa estação de rádio que se preze, a programação musical que acompanha o álbum não poderia ser outra se não repleta de composições que exploram distintas temáticas e até diferentes tipos de sons. Se God Is In The Radio surge como uma versão irônica e bem humorada de uma música gospel, em Another love song, como o próprio nome já anuncia somos apresentados ao momento romântico da programação, com o QOTSA falando de amor, sem em nenhum momento abandonar sua sempre agressiva instrumentação. Até “música clássica” acaba surgindo no álbum através da faixa Mosquito Song.

Mesmo absorvido por uma temática conceitual, Songs For The Deaf está longe de soar como um trabalho que se mantém dentro de algum limite ou sonoridade demasiada específica. Eleito como o melhor registro da banda pela crítica e idolatrado pelo sempre fiel público que acompanha o grupo, o álbum não apenas dá um salto musical de grandes proporções na carreira da banda, como serviu como uma grande injeção de ânimo e criatividade ao que vinha circulando pelo rock alternativo naquele momento, transformando a banda nos novos “salvadores do rock”.

Songs For The Deaf (2002, Interscope)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Kyuss, Eagles Of Death Metal e Them Crooked Vultures
Ouça: No One Knows

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.