Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 06/02/2011

Curumin
Brazilian/Samba/Experimental
http://www.myspace.com/curumin


Depois de ter lançado Achados e Perdidos em 2005, Luciano “Curumin” Nakata poderia muito bem ter descansado, afinal, a contribuição dele para com a música brasileira já estava mais do que garantida com esse álbum de estreia. A forma suingada dada às composições do álbum e os pequenos experimentalismos amarrados às canções ensinaram uma nova maneira de explorar o samba, ou samba-rock, como queiram. Mas aí veio Japan Pop Show em 2008, em que o músico não apenas fez seu trabalho anterior parecer minúsculo, mas toda a famigerada MPB.

Cada uma das treze faixas que integram o disco são de longe uma aula como fazer música, e pela figura iluminada de Curumin na capa do álbum – uma espécie de personificação do Buda – é possível até dizer que seus ensinamentos são sagrados. Samba, rock, hip-hop, jazz, dub, soul, funk e o que mais vier de estilos para nomear esse trabalho chega de maneira amplamente reconfigurada, cheio de suingue e esbanjando vivacidade.

Mas Curumin não quer os créditos somente para ele. De fato são as participações mais do que especiais nas faixas, que aos poucos vão edificando o trabalho. Começa com Marku Ribas em Dançando no Escuro, uma espécie de jazz sintético em que o mineiro de Pirapora vai despejando sua voz garbosa para moldar a canção. Em Kyoto, um reggaeton versado com batidas secas de hip-hop, é a parceria com o grupo Blacklicious que gera o refrão grudento da canção. Mal Estar Card vem com Cristopher Lover para declamar os podres sobre a sociedade contemporânea, enquanto BNegão e Lucas Santtana chegam rimando na excelente Caixa Preta. Para a comportada Sambito (cantada quase toda em japonês) o músico convida Tommy “K” para deixar sua contribuição.

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O mais surpreendente é fato de que todas as canções, com suas infinitas misturas de sons e inovações, em nenhum momento soam difíceis ou intelectualizadas demais. Japan Pop Show é um disco simples, comercial e que serve para agradar desde crítico carrasco que franje a testa para qualquer novidade musical, como para o cara mais simples e que quer apenas “curtir um sambinha”.

E é justamente dentro de faixas mais comerciais que o músico entrega os ótimos momentos do álbum. Compacto, Magrela Fever e Caixa Preta são composições que vêm recheadas de referências mil, contam com letras esbanjando criatividade e são donas de um potencial para tocar em qualquer rádio comercial sem soarem estranhas ou “difíceis” demais.

Diversos meios de comunicação acabaram elegendo o disco como o melhor, ou um dos melhores lançamentos de 2008. A própria empresa Eletronic Arts – companhia responsável pela produção de diversos jogos, como Need For Speed e FIFA Soccer – acabou comprando o direito de algumas das canções para inseri-las em seus futuros lançamentos. Curumin surge como um claro discípulo de Jorge Bem Jor, e convenhamos, ele seguiu os conselhos do mestre à risca.

Japan Pop Show

Nota: 9.3
Para quem gosta de: Fino Coletivo, Lucas Santtana e Guizado
Ouça: Compacto

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.