Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 17/09/2011

The Shins
Indie/Alternative/Indie Pop
http://www.theshins.com/

Por: Cleber Facchi

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–      O que você está ouvindo?

–      The Shins… Você os conhece?

–      Não…

–      Você precisa ouvir essa música. Irá mudar a sua vida!

Mesmo que talvez soe pretensiosa a afirmação utilizada pela personagem de Natalie Portman na doce comédia romântica A Hora de Voltar (Garden State, 2004), provavelmente tal constatação é a  que melhor defina a sensação que toma conta de boa parte dos indivíduos que se deparam pela primeira vez com as delicadas melodias do The Shins. Movida por uma graciosidade instrumental e poética que raramente se encontra em grupos do gênero, a banda faz com que cada um de seus trabalhos se dissolva em um universo de sons, texturas e versos que oscilem constantemente entre o onírico, o belo e por vezes o doloroso.

Com todas as estratégias musicais da banda traçadas logo em seu primeiro disco – Oh, Inverted World, de 2001 -, não seria de se surpreender que ao lançarem seu segundo registro em estúdio a banda desse um salto musical ambicioso e dono de um som ainda mais surpreendente que o apresentado em seu debute. Entretanto, ao lançar Chutes Too Narrow em outubro de 2003, James Mercer e sua banda não apenas apresentavam ao mundo um trabalho ainda mais surpreendente que seu antecessor, como proporcionavam ao público um dos mais belos e completos álbuns da década passada.

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As melodias instrumentais calcadas no uso intensificado das guitarras – sempre fluindo entre as harmonias dos Beach Boys e o dinamismo do The Byrds -, os versos encaixados com precisão, e um tipo de tonalidade que ia do folk dos anos 70 ao indie rock da década de 1990 acabaram por transformar o disco em um colossal e compacto armazém de doces melodias. Com a mão firme de Phil Ek (sempre ele), o registro segue coeso e dentro de uma similaridade musical até seus instantes finais, com o grupo repassando a constante sensação de divertimento, um disco inteiro tocado com prazer, até em seus momentos mais obscuros.

Chutes Too Narrow nada mais é do que uma espécie de continuação daquilo que Modest Mouse, Built To Spill e tantos outros vieram construindo ao longo dos anos 90, com a banda toda (não apenas Mercer) desenvolvendo um trabalho repleto de versos sinceros, repletos de sentimento e necessidade de serem propagados. Um disco que evoca o mesmo espírito e a liberdade criativa dos grandes expoentes do rock lo-fi, e ainda assim um trabalho cercado de sons límpidos, reverberações puramente melódicas e um tipo de ligação com a música pop que os permite trafegar por diferentes estilos de apreciadores da boa música.

Bem recepcionado, o álbum acabou figurando com destaque nas principais publicações musicais de 2003, transformando a banda na mais nova queridinha da cena indie norte-americana – com alguns veículos inclusive apresentando o grupo como um novo “fenômeno pop”. Os mesmos experimentos musicais testados em Chutes Too Narrow acabariam por definir o trabalho seguinte da banda, Wincing The Night Away de 2007, álbum que mesmo interessante não seria capaz de superar a grandeza apresentado pelo The Shins em seu segundo e formidável disco.

Chutes Too Narrow (2003, Sub Pop)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Death Cab For Cutie, Modest Mouse e Spoon
Ouça: Kissing The Lipless

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.