Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 11/10/2011

Jay-Z
Rap/Hip-Hop/East Coast Rap
http://lifeandtimes.com/

 

Por: Cleber Facchi

O ano de 2001 foi provavelmente a grande temporada dos clássicos. Na música eletrônica Fennesz e The Avalanches brilhavam absolutos com os surpreendentes Endless Summer e Since I Left You. Enquanto o Strokes lançava uma pequena revolução ao som de Is This It, a dupla Jack e Meg White impressionava a todos com o enérgico e sujo White Blood Cells, um completo oposto do que Phil Elvrum e seu The Microphones apresentavam através do caseiro The Glow, Pt. 2. No meio desse batalhão, um álbum brilharia solitário, porém, absoluto, a primeira grande obra de um catálogo de futuros clássicos lançados pelo rapper Jay-Z, o completo The Blueprint.

Mesmo vindo de uma carreira repleta de bons discos – desde o lançamento de seu primeiro álbum, Reasonable Doubt em 1996, o nova-iorquino vindo do Brooklyn já havia obtido grande repercussão – foi só ao lançar seu sexto e elogiadíssimo trabalho que o rapper parecia de fato ter se encontrado. Fomentado pelo uso de versos precisos e uma genialidade estranhamente pop em suas entrelinhas, o registro e suas 13 faixas se movimentam de forma conceitual, porém, incrivelmente versátil e capaz de afetar seu público.

Nascido de um surto criativo do rapper – reza a lenda de que o álbum todo foi gravado em duas semanas, enquanto todas as letras do disco foram construídas em apenas dois dias – The Blueprint esbanja uma fluidez ímpar dentro do hip-hop contemporâneo, concentrando grande parte de suas temáticas em cima de exaltações ao ego de seu próprio idealizador. Mesmo longe de soar como um projeto revolucionário – o disco passa longe, muito longe disso -, o bem planejado uso de samples bem como os versos bem estruturados da obra definem o registro imediatamente como um verdadeiro clássico.

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Acompanhado de um Eminem em ascensão – que fica responsável pela produção da poderosa Renegade – e um ainda desconhecido Kanye West – que é provavelmente o grande responsável por transformar Takeover e Izzo (H.O.V.A.) em dois clássicos recentes -, Jay-Z é de forma alguma o grande responsável pela excepcionalidade desse álbum. Surge ainda um entusiasmado Timbaland (Hola’ Hovito), um pontual e necessário Just Blaze (Girls, Girls, Girls), além de um coeso Bink, que abre e fecha o registro imprimindo um toque mais urbano ao trabalho do rapper.

Lançado exatamente no dia 11 de setembro de 2001, o registro acabou parcialmente esquecido por algumas publicações musicais ou mesmo pelo próprio público em virtude dos atentados ao World Trade Center em Nova York.Apenasquando The Blueprint acabou eleito como um dos melhores álbuns daquele ano através de diversos veículos de comunicação que ele acabou de fato sendo reconhecido, firmando Jay-Z como um dos artistas mais importantes de sua geração.

Com o passar dos anos e o lançamento de outros importantes registros sob o nome de Jay-Z – entre eles The Black Álbum de 2003 e American Gangster em 2007 – o suntuoso trabalho foi aos poucos agregando mais e mais valor, fechando a década como um dos registros mais importantes do rap contemporâneo, quiçá de toda a história do Hip-Hop. Mais do que uma obra irretocável, o disco se destaca por funcionar como um anúncio para uma geração de artistas que estavam naquele momento se preparando para inundar a música com uma série de projetos mais do que expressivos.

 

The Blueprint (2001, Roc-A-Fela, Def Jam)

 

Nota: 10.0
Para quem gosta de: Kanye West, Nas e The Throne
Ouça: O disco todo.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.