Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 21/10/2011

The Thermals
Indie Rock/Punk/Alternative Rock
http://www.thethermals.com/

Por: Cleber Facchi

Qualquer um que viesse a definir o punk como um estilo falido e que vivia apenas dos louros do passado teve de engolir suas palavras ou engavetar seus pensamentos quando The Body, the Blood, the Machine foi apresentado em agosto de 2006. Vindos de uma sequência de bons lançamentos os norte-americanos do The Thermals conseguiu em sua terceira obra musical condensar todas suas referências de forma crua, produzindo assim uma série de dez composições empolgadas, faixas que sintetizam em sua simplicidade a força do gênero.

Aos que naquele momento estivessem se embriagando com os detalhados e suntuosos arranjos de Joanna Newsom ou o caleidoscópio de sons sintetizados do The Knife, talvez o terceiro álbum do grupo de Portland, Oregon fosse apenas um exemplar demasiado simples e pouco inventivo. Entretanto, é justamente dentro desse jogo de sons pouco sofisticados que reside a beleza dos termais, um trio de instrumentistas nada fenomenais, porém capazes de desenvolver composições sinceras, rápidas e precisas.

Apenas um pequeno jogo de guitarras levemente temperadas com distorção, um baixo nada passional e uma bateria que pontua o registro até seus últimos segundos, estes são os elementos que ajudam a banda encabeçada pelo casal Hutch Harris e Kathy Foster a definirem todos seus rumos. Dos acordes certeiros de Here’s Your Future no abrir do álbum ao fino toque de melancolia em I Hold The Sound, no fecho do disco, tudo é movido sem grandes evoluções instrumentais, apenas a promessa – cumprida – de um registro eficiente e que consegue dialogar com o ouvinte.

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Sempre marcada pela constante troca de seu baterista – na época Caitlin Love acompanhava o projeto em suas apresentações ao vivo –, na época a banda contou com a presença do veterano Brendan Canty para assumir tanto as gravações do instrumento como a produção do trabalho. Também baterista do Fugazi, o músico deixa que seus anos de experiência como um dos grandes enunciadores do rock alternativo norte-americano ditem os rumos do trabalho, que segue harmônico e coerente em suas 10 composições.

Terceiro álbum da banda através do selo Sub Pop, The Body, the Blood, the Machine transparece um toque conceitual em sua construção, com seus integrantes arremessando uma série de versos que atacam diretamente o cristianismo. Como o próprio título e a capa do trabalho já deixam bastante claro – em português “O corpo, o sangue e a máquina” -, o álbum denuncia a opressão do sistema religioso, principalmente o norte-americano, que acaba intervindo nas ações do governo bem como de toda a sociedade.

A temática ácida de suas letras garantiu ao grupo um bom desempenho através da imprensa musical, afinal, enquanto boa parte das bandas e artistas que surgiam naquele momento pareciam mais interessados em falar de amor ou outros temas carregados de banalidades, o Thermals surgiu explorando algo tecnicamente novo. Boas letras e uma sonoridade simplista, elementos muitas vezes esquecidos, mas que garantiram ao grupo o destaque mais do que merecido. Se Jesus estivesse por aí, com certeza ele ouviria este disco.

The Body, the Blood, the Machine (2006, Sup Pop)

Nota: 8.8
Para quem gosta de: Ted Leo and The Pharmacists , Titus Andronicus e Les Savy Fav
Ouça: I Might Need You To Kill

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.