Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 16/11/2011

Gnarls Barkley
Funk/Soul/Hip-Hop
http://gnarlsbarkley.com/

Por: Cleber Facchi

 

O que acontece quando dois verdadeiros gênios da música resolvem se encontrar para produzir um disco inteiro centrado em suas principais experiências pelo mundo da música? Ora, pergunte ao duo formado por Danger Mouse e Cee Lo Green que eles terão uma resposta mais do que acertada. Vindos de uma gloriosa carreira perpassada pelo Hip-Hop e a Soul Music, em meados de 2004 a dupla começaria a dar formas àquele que seria um dos registros mais comentados de 2006, o poderoso St. Elsewhere, primeiro trabalho do duo através do projeto Gnarls Barkley.

Desde antes de seu lançamento, a comentada parceria já deixava claros apontamentos de que se tratava de uma obra única e que dificilmente poderia resultar em erros. Mouse (nascido Brian Joseph Burton) havia conquistado o louvor da crítica ao apresentar em fevereiro de 2004 o também clássico The Gray Album, disco que conectou Jay-Z e Beatles em um mesmo universo musical através de bem direcionados mashups. Fora isso, o belo cardápio de produções geradas pelo nova-iorquino (que incluem trabalhos com o Gorillaz e MF DOOM) já haviam estabelecido um amplo destaque ao artista, tornado o produtor uma espécie de Midas da música norte-americana.

Com Cee Lo essa mesma referência se fazia visível. Colaborador de uma série de importantes registros do rap da década de 1990, o artista ganhou destaque ao apresentar em idos de 2002 seu primeiro trabalho oficial, Cee-Lo Green and His Perfect Imperfections, entretanto, foi somente dois anos mais tarde que o cantor revelaria todo seu potencial como uma das grandes vozes da nova safra da Black music. A partir da chegada de Cee-Lo Green… Is the Soul Machine em março de 2004, Green não apenas arrancaria comentários exaltados da imprensa, como se converteria em um dos artistas mais aclamados do grande público.

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Concentrando a eficaz (e única) produção de Danger Mouse com os vocais memoráveis de Green o que temos é uma sucessão de 14 faixas marcadas por uma linearidade pop dançante que não apenas realça sua ligação com a música dos anos 70, como explora diferentes fórmulas musicais vindas de diferentes épocas. Do rock ao funk, da soul music aos toques de eletrônica, o registro se autodefine de define como uma verdadeira viagem musical, como se a dupla bebericasse de diferentes fontes instrumentais para só posteriormente encontrar sua própria formação.

 Sempre rápidas – a maior canção do álbum, Just a Though, conta com exatos 3:42 minutos – as faixas que definem o trabalho utilizam de seu escasso tempo com parcimônia, passeando por uma sequências musical sempre bem explorada e versos capazes de grudar facilmente nos ouvidos do espectador. Dentro desse universo de firmes estruturas musicais o que encontramos são faixas como Gone Daddy Gone (com a dupla brincando de indie rock), a radiofônica Smiley Faces (com um baixo funkeado poderosíssimo) ou todo o romantismo do duo condensado nos versos suavizados de Who Cares.

Por mais que grande parte do sucesso gerado pelo álbum venha diretamente do hit Crazy – de fato uma das composições mais completas e grudentas lançadas na última década – resumir o trabalho à apenas uma única canção seria o mesmo descartar a grandiosidade do trabalho gerado pela dupla. Dois anos mais tarde o duo voltaria com a sequência The Odd Couple, entretanto, o surpreendente resultado que reside em St. Elsewhere não seria igualado, transformando o glorioso debut em uma obra ainda mais valorizada.

St. Elsewhere (2006, Downtown/Atlantic)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Cee Lo Green, Danger Mouse e Broken Bells
Ouça: Who Cares , Crazy e Smiley Faces

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.