Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 26/11/2011

Justin Timberlake
R&B/Pop/Hip-Hop
http://www.myspace.com/justintimberlake

Por: Cleber Facchi

Maio de 2002

Aproveitando de um suposto “recesso por tempo indeterminado” do *NSYNC no começo de 2002 – no ano anterior a banda havia alcançado a consagração mundial através do álbum Celebrity e os integrantes alegavam necessitar de férias –, um ainda jovem e quase inexperiente Justin Timberlake resolveu dar formas ao primeiro registro solo de sua carreira. Claramente pressionado pela gigante corporação que o acompanhava (a Sony Music) e ainda intimamente próximo da fama gerada através do *NSYNC, o (na época) ídolo teen apresentou no começo de novembro o razoável Justified, trabalho que honrava as antigas experiências musicais que o cercavam, mas que imediatamente apontavam novos rumos para o cantor.

Entre melodias intencionalmente pop e vendáveis, Justin e a dupla de produtores Pharrell Williams e Chad Hugo (do The Neptunes) foram aos poucos desenvolvendo uma soma de novas possibilidades instrumentais e líricas. Logo na canção de abertura, Señorita, era possível observar um claro afastamento em relação aos anteriores trabalhos do músico, que lentamente se encaminhava para um caminho muito mais adulto, cativante e, por que não, erótico. Quem insistia em conectar o trabalho de Timberlake ao de sua antiga banda se manteria preso em um vórtice temporal imutável. Já aos que apostaram na nova sonoridade do artista, estes seriam futuramente agraciados.

Julho de 2006

Em um ano musicalmente vasto, em que o pop era banhado pelos assovios de Peter Bjorn and John, a ironia imoderada de Lily Allen através do hit Smile ou mesmo pelas emanações dançantes do Hot Chip, seria o R&B sedutor de Justin Timberlake que de fato dominaria o mundo da música. Dois meses antes de apresentar o segundo álbum de sua carreira solo (agendado para setembro daquele ano), o músico resolveu aparecer com o primeiro single do ainda inédito registro, SexyBack, cortando qualquer tipo de ligação com seu passado (não mais tão recente) e se estabelecendo como um ícone da música pop sob o próprio esforço.

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Consumida pelo uso de beats sincopados e sintetizadores quase minimalistas, a faixa vai aos poucos desenvolvendo uma espécie de ode à sensualidade e o erotismo, algo que se destaca visivelmente pelas letras que envolvem esta e outras composições do trabalho. “Eu vou trazer a sensualidade de volta/ Os idiotas não sabem como agir/ Venha compensar as coisas que lhe faltam/ Pois você está queimando, eu vou fazer isso fácil”, declama um ardente Timberlake que parece desenvolver um trabalho pronto para atacar o público feminino ou simplesmente doutrinar os ouvintes masculinos.

Longe do The Neptunes e agora acompanhado de um experiente Timbaland (que em alguns momentos se porta como uma espécie de pai, dando conselhos ao filho como atrair a mulher amada), Justin vai ao seu próprio tempo desenvolvendo um catálogo de músicas envolventes, hipnóticas e, acima de tudo, qualidosas. Afastados dos clichês que tomam conta do gênero, o músico parece reforçar o trabalho através de claras referências vindas diretamente da década de 1970, bebendo tanto da descontração pop de Michael Jackson, como das melodias de David Bowie ou mesmo da sensualidade atemporal de Prince.

Com todo esse coquetel de referências, só resta ao músico “ejacular” uma sequência de faixas memoráveis e surpreendentemente sensuais. Do romantismo dançante que define a gloriosa My Love (canção que traz a participação do rapper T.I.) ao toque épico que consome What Goes Around…/ …Comes Around (com um dos clipes de maior destaque daquele ano), Timberlake faz nascer um trabalho tomado pelo clímax, um álbum que mesmo pop, comercial e radiofônico consegue se distanciar das obviedades de outrora e reconfigurar a velha imagem que se tinha do músico. A escolha mais do que coerente para sua noite de amor.

FutureSex/LoveSound (2006, Jive)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Timbaland, Drake e Beyoncé
Ouça: My Love e What Goes Around…/…Comes Around

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.