Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 10/02/2011

Luísa Mandou Um Beijo
Brazilian/Indie Pop/Female Vocalists
http://www.myspace.com/luisamandouumbeijo

Ao que tudo indica 2005 foi o ano em que o Pop chegou através de doses gigantescas na música alternativa nacional. O Pato Fu fazia seu retorno ao cenário independente com Toda Cura Para Todo Mal, o Ludov debutava com O Exercício Das Pequenas Coisas, enquanto o Cansei de Ser Sexy unia um pop pegajoso com música eletrônica em seu homônimo disco de estreia. Os cariocas do Luísa Mandou um Beijo não poderia ficar de fora, já que é nesse mesmo ano que o grupo soltou seu primeiro trabalho de estúdio, um belo compendio de canções delicadas e açucaradas.

Criada em 1999 a banda é a união de Flávia Muniz (voz), Fernando Paiva (guitarra), PP (guitarra), PC (baixo), Daniel Paiva (trompete) e Cristiano Xavier (bateria), que desde essa época vinham se apresentando pelos espaços alternativos do Rio de Janeiro. Acolhidos pelo selo carioca Midsummer Madness (casa de bandas como Pelvs, Valv, Supercordas e Brincando de Deus), o grupo não se atrasou e fez sua estreia o mais rapidamente possível. O resultado está nas 12 canções que costuram o primeiro álbum da banda, um produto pop delicado e repleto de sutilizas.

Esse é um daqueles discos que te pegam logo na primeira audição, na primeira faixa, nos primeiros segundos. E não é pra menos, os acordes melódicos de trompete que abrem a faixa Amarelinha grudam feito chiclete nos ouvidos e dificilmente sairão de lá. Logo chega a voz suave de Muniz e a dupla de guitarras bem moldadas de Fernando Paiva e PP. Há certa herança de Los Hermanos (principalmente do disco Ventura, 2003) em cada pequena nota e acorde desferido pelo grupo, além de doses concentradas de música popular brasileira.

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Em suas composições o grupo trata de temas diversos, mas sempre com um pé bem preso ao nonsense. Faixas Bauhaus Today ou Guardanapos (essa com uma letra excelente) são até facilmente compreendidas, já Weep-Out Man (Vem sentir-se sádico/Eu sei cantar melhor que você, weep-out man/Vem sentir-se áltico, não obstante o meu coração/weep-out man) e Amarelinha (Uma canção, um violão, amarelinha Corcovado/ E um mar de áz azuis e uma canção verde/Um cantinho, uma paixão, amarelinha, Corcovado/Tanto faz, tanto faz…) muito pela entoação dada pela vocalista acabam dando pequenos nós no cérebro. Nada que prejudique o disco é até interessante descobrir o que ela quer dizer com “Sou Manu Chao, mano negro, Rappa-Rappa”.

Uma das melhores criações do grupo é a ótima Anselmo. A letra divertida que fala sobre cinema, planos, enquadramentos e diretores como Buñuel e Godard conta ainda com um trecho do áudio de Deus e o Diabo na Terra do Sol, filme dirigido por Glauber Rocha em 1964. A banda faz ainda uma excelente regravação de Carinhoso, criação de Pixinguinha, que na versão do grupo se transforma em um indie rock delicado e dotado de solos de trompete.

A popularização do álbum se deu em boa parte por conta da internet, onde as canções adocicadas do disco e um público sedento por novidades teriam um encontro mais do que merecido. O segundo álbum da banda só sairia dali quatro anos, tempo mais do que suficiente para que os ouvintes pudessem ouvir à exaustão e decorar todas as letras dessa pequena pérola.

 

Luísa Mandou Um beijo (2005)

 

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Ludov, Pullovers e Wonkavision
Ouça: Anselmo

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.