Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 08/12/2011

Clap Your Hands Say Yeah
Indie/Lo-Fi/Alternative
http://www.clapyourhandssayyeah.com/

 

Por: Cleber Facchi

 

O Clap Your Hands Say Yeah é provavelmente o melhor exemplo de como a música independente se movimentou ao longo de toda a década passada. De um começo tímido em pequenos festivais isolados, shows esporádicos, trocas de arquivos em MP3 pela web e todo um movimento via boca a boca, a banda rapidamente se transformou em um novo ícone do cenário alternativo. Posto este que ocupa de maneira singular até o presente momento, motivo mais do que justificável mediante o conjunto de 12 canções cuidadosamente trabalhadas ao longo de todo o primeiro e homônimo álbum do grupo, disco lançado ao mundo na segunda metade de 2005.

Partidários do espírito D.I.Y., porém donos de uma linguagem e uma forma de compor totalmente específica, a banda que surgiu ao começo de 2005 na região do Brooklyn em Nova York, utilizou de estúdios caseiros e softwares de gravação nada complexos para a captação e o registro daquele que seria o primeiro álbum do quinteto. Simples, melódico e ambientado dentro de uma atmosfera musical marcada pelo Lo-Fi, o disco talvez seja a melhor prova de que basta apenas esforço – e não grandes produções – para que um projeto consiga extrair o máximo de seus idealizadores.

Composto por Alec Ounsworth, Robbie Guertin, Greenhalgh, Lee e Tyler SargentSean, o CYHSY talvez seja a maior dissidência do que foi o indie rock caseiro que se estabeleceu em território norte-americano ao longo de toda a década de 1990. Muito do que traduz as primeiras canções da banda parece se relacionar com aquilo que Modest Mouse, Guided By Voices e talvez em menor escala Neutral Milk Hotel promoveram anos antes, proporcionando um tipo de som artesanal por questões técnicas, mas tão ou mais relevante quanto o que é despejado diariamente pela industria musical.

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Desenvolvido dentro de um ambiente de pura celebração, o álbum abre com uma espécie de introdução ao próprio grupo, unindo palmas, um clima festivo e toda uma energia que talvez um registro demasiado plástico pudesse bloquear. Em seguida, as guitarras sujas (e pegajosas) de Let The Cool Goddess Rust Away dão a deixa do que será encontrado no restante do trabalho: uma sucessão invejável de músicas feitas para serem ecoadas à plenos pulmões graças ao jogo de versos empolgantes que o vocalista Alec Ounsworth – com seu timbre peculiar- vai desenvolvendo.

À medida que o trabalho se desenvolve mais os nova-iorquinos vão se cercando de artifícios necessários que apenas contribuem para um maior engrandecimento do disco. Enquanto Details Of The War e Heavy Metal preenchem seus espaços com uma instrumentação promovida de maneira quase épica, In This Home On Ice e Over And Over Again (Lost And Found) parecem reforçar os versos entoados por Ounsworth, gerando um trabalho que acerta em todas as estâncias. Até quando a banda percorre um caminho estritamente instrumental – como em Blue Turning Gray e Sunshine And Clouds (And Everything Proud) – a beleza dos elementos e o encaixe dentro do contexto lírico da obra apenas ampliam a grandiosidade do trabalho.

Por mais que nos dois lançamentos seguintes – Some Loud Thunder de 2007 e Hysterical de 2011 – o resultado proposto não seja nem um décimo do que o grupo apresentou ao longo do primeiro disco, a incapacidade de outros artistas em alcançar a mesma medida dos nova-iorquinos já seria uma prova mais do que suficiente da habilidade, da distinção e da marca que o quinteto havia deixado no cenário musical. Clap Your Hands Say Yeah (o disco) é um trabalho único e impossível de ser copiado, talvez até mesmo para seus próprios criadores.

Clap Your Hands Say Yeah (2005, Wichita)

Nota: 9.3
Para quem gosta de: The Unicorns, Wolf Parade e Sunset Rubdown
Ouça: Heavy Metal e The Skin Of My Yellow Country Teeth

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.