Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 11/02/2011

Rockz
Brazilian/Indie Rock/Alternative Rock
http://www.myspace.com/rockz1

Por: Cleber Facchi

Depois da explosão de bandas como The Strokes, Arctic Monkeys e Franz Ferdinand no começo do século XXI, uma eclosão de pequenos clones desses juvenis artistas passou a tomar conta de todos os lugares do planeta. Cada país entregava o seu próprio “salvador do rock”, muito embora esses músicos redentores não fossem mais do que meras cópias, cercados de rifes plagiados e um ritmo milimetricamente espelhado no que brilhava das fontes originais. O Brasil não ficou muito distante disso, e graças ao “advento da internet” teve também a sua produção serial de guerreiros do novo rock.

Inegavelmente alguns músicos inspirados pela irreverência da nova cena acabaram por entregar trabalhos tão qualidosos e criativos quanto os que circulavam no exterior, sem que em nenhum momento viessem a soar como cópias pretensiosas ou mero lixo cultural. Da gama de bandas que cumpriram com a sua parte e lançaram um trabalho verdadeiramente merecedor de olhares está o grupo carioca Rockz e seu álbum de estreia Disco ‘08. Tudo bem que os solos robóticos de guitarra marcavam aqui e ali uma exagerada aproximação com os sons estrangeiros, mas todo o resto faz o disco valer à pena, e como vale.

Não apenas as novidades estão presentes no cerne da Rockz, há muita coisa antiga também circundando as composições da banda. Ramones, Nirvana, Black Sabbath (um dos símbolos do grupo era uma camiseta do álbum Black Sabbath Vol. 4 que era revezada entre os integrantes em suas apresentações ao vivo), The Who e outros grupos clássicos do rock and roll marcam, mesmo que discretamente, presença no som do grupo carioca.

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Toda essa convergência de sons e influências acabou culminando na criação do Rockz, formado por Diogo Brandão (vocais), Pedro Garcia (bateria), Gabriel Muzak (guitarra), Nobru Pederneiras (guitarra) e Daniel Martins (baixo). Tal feito se intensificaria em 2006, com o lançamento do primeiro EP do quinteto e que não apenas os apresentaria ao cenário carioca, mas a todo o país.

Dois anos depois com o lançamento de Disco ’08, a banda mostraria de vez a que veio, destilando hits pegajosos fomentados não apenas pela sonoridade plástica e direta de suas canções, mas pelas belíssimas letras, que ao contrário do que se via até então traziam como foco não o sofrimento adolescente e crises existenciais banais, mas sim problemas de novos adultos, gente na casa dos vinte anos e as adversidades pelas quais se defrontam. Surgem os problemas de relacionamento em Essa Mulher e Relacionamento Saudável, sexo com Ora Bolas!, divagações sobre o amor na divertida O amor é uma piada? e o mais puro sofrimento em Desvaneio Esferográfico.

No ano seguinte ao lançamento desse disco Diego Brandão deixaria o grupo e consequentemente sua vaga de vocalista, posto que seria tomado por Gabriel Muzak. A sonoridade da banda passaria por uma leve alteração, trazendo toques de experimentalismo além do uso marcado de sintetizadores. As letras por sua vez ganhariam um toque a mais de maturidade, um som diferente, porém em nenhum momento capaz de superar esse ótimo trabalho de estreia.

Disco ’08 (2008)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Moptop, Benflos e Druques
Ouça: Relacionamento Saudável

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.