Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 13/02/2011

Superguidis
Brazilian/Indie Rock/Alternative Rock
http://www.myspace.com/superguidis

Poucos discos no rock nacional conseguiram o mesmo feito alcançado pelos gaúchos do Superguidis em 2006, com seu trabalho de estreia. Do lançamento do álbum em meados daquele ano até o começo de 2007 o quarteto formado por Andrio Maquenzi, Lucas Pocamacha, Diogo Macueidi e Marco Pecker deixava de ser “apenas mais uma banda de garagem como tantas outras”, para se transformarem em um dos “Nomes Que Realmente Importam no Novo Rock” ou ainda nos “salvadores do rock brasileiro”, “a banda da década” e segue a lista.

E é preciso ser sincero, qualquer elogio que venha para esse trabalho homônimo da banda sulista é mais do que merecido. O grupo conseguiu sintetizar um som que há anos ecoava pelo cenário alternativo brasileiro de uma maneira a soar fácil, despretensioso e criativo. O mesmo Sonic Youth, Dinosaur Jr, Nirvana e demais bandas dos anos 90 que serviram de base para um sem número de artistas independentes nacionais, também influenciaram os Superguides, o problema é que até ali, ninguém havia conseguido traduzir com a mesma funcionalidade esse tipo de som como o que acabou sendo feito pelo quarteto gaúcho.

Cada uma das 12 canções que fecham o pequeno disco lançado pelo selo Senhor F tratam unicamente sobre o sentimento jovem e suas inúmeras facetas. Entretanto, diferente do que cantava o conterrâneo Humberto Gessinger, a juventude dos Superguidis não é “uma banda em uma propaganda de refrigerantes”, a mocidade deles é urgente, despretensiosa e acima de tudo: não é tola. Os guidis cantam sobre problemas que embora pareçam banais estão aí no pensamento de qualquer um na casa dos 20 anos. Afinal, por que cargas d’água os cabelos que cresciam na cabeça agora crescem na orelha?

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Apesar do sucesso ter chego em 2006, a banda vinha desde o começo da década desenvolvendo seu trabalho no cenário undeground gaúcho. A distância de 30km que separa Porto Alegre e Guaíba, e consequentemente seus integrantes que residiam separadamente nessas duas cidades, não foi motivo para que em 2002 o quarteto criasse Os Dissidentes. O grupo inspirado muito mais pelo grunge e não dotados da mesma jovialidade que seria vista no futuro é a prova de que a banda teve antes de revolucionar seu próprio som, para depois revolucionar o som do resto do país.

Nas canções é inexistente o mesmo lirismo presente em boa parte dos grupos alternativos que surgiram nos anos 2000. É visível um idealismo e resoluções quase tolas em algumas das letras, mas talvez seja isso que estivesse em falta. Uma dose de inconsequência e composições simplistas, mas que fossem diretas e não fizessem rodeios para falar de temas como o amor, por exemplo, como declama Maquenzi “Que banana que eu sou, um completo bundão”, em O Banana. Nada mais simples e universal do que isso.

Com o lançamento do segundo trabalho de estúdio da banda – A Amarga Sinfonia do Superstar (2008) – muitos veículos de comunicação reclamaram sobre o amadurecimento precoce do som e das composições do grupo. Contudo a banda já era grande e madura o suficiente quando lançou esse disco, o problema era o público, que ainda não estava pronto para crescer.

Superguidis (2006)

Nota: 8.8
Para quem gosta de: Carolas, Pública e Volantes
Ouça: Malevolosidade

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.