Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 18/02/2011

Cansei de Ser Sexy
Brazilian/Electro/Indie Rock
http://www.myspace.com/canseidesersexy

 

Essa é a hora em que os puritanos viram a face e saem blasfemando “CSS um Clássico? Esse cara está louco!”, querendo ou não a estreia dos paulistanos do Cansei de Ser Sexy é um elemento fundamental para entender um pouco da relação música e internet no Brasil contemporâneo. Como um grupo formado por um cara e várias garotas que mal sabiam tocar seus instrumentos direito conseguiu em pouco tempo firmar contrato com uma gravadora internacional e partir definitivamente para uma vida no exterior? Existe qualidade nas criações da banda ou foi tudo questão de sorte?

Na época em que surgiram o som proposto pelo grupo era uma mescla de pitadas de elctro no melhor estilo Ladytron, alguns toques de Le Tigre e de um pop chiclete que apesar de não trazer nada inovador grudava nos ouvidos e era difícil de ser evitado. A sapiência da banda, entretanto estava numa ideia simples, mas que até então era pouco utilizada pelos artistas nacionais. Enquanto boa parte dos grupos tinham na criação de um site a ideia central de seu projeto de comunicação com o público, o CSS foi atrás das quase desconhecidas redes sociais. O que hoje é uma forma natural de conversação entre artista e fã precisava ter um início, o grupo paulistano pode não ter sido o primeiro, mas soube muito bem como se valer dessas ferramentas.

Além das apresentações ao vivo marcadas pela excentricidade de seus integrantes, principalmente da vocalista Luisa Lovefoxxx, a disponibilização dos conteúdos através de uma página no Fotolog fez com que a banda fosse apresentada não apenas ao público, mas que tivessem um canal de comunicação com a própria imprensa, que salvo alguns nomes tentavam entender o que era esse fenômeno das bandas virtuais. O boca a boca pela rede acabou fervilhando a popularidade do grupo, feito que se concretizou com a assinatura de um contrato com o selo Trama, por onde acabaram lançado seu álbum de estreia em outubro de 2005.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=Y70ip5jd-GM?rol=0]

Além de já contar com algumas canções conhecidas do público o álbum entregava a banda em um formato menos anárquico e mais assimilável, além é claro, de faixas inéditas. Canções como Alala, Let’s Make Love And Listen Death From Above e Off The Hook não se limitaram apenas às pistas de dança ou ao cenário alternativo. O grupo conseguiu que suas criações circulassem na trilha sonora de videogames, programas de TV (brasileiros ou gringos) e até em players de música. Quem via o CSS como uma banda ingênua de músicos descompromissados não tinha noção do erro que estava cometendo.

Em 2006 a banda assinaria contrato com o selo norte-americano Sub Pop (que já lançou o trabalho de grupos como Death Cab For Cutie, The Shins e Nirvana) para a estreia do primeiro disco do CSS em caráter internacional. O lançamento do álbum veio junto de uma turnê pela America do Norte e Europa, em que a popularidade do grupo cresceu para muito além dos limites tupiniquins, fazendo com que a banda deixasse de ser um produto brasileiro e se transformasse em internacional.

Com a fama estabelecida lá fora o grupo mudaria de vez para o exterior, o que traria a eles uma maior garantia de sucesso e constância. Em 2008 o grupo voltaria com o segundo álbum de estúdio, Donkey, além de passar a atuar apenas sob o nome de CSS. Em sua cola o grupo traria o trio curitibano Bonde do Rolê, além de criar uma maior abertura para que grupos nacionais tivessem a possibilidade de brilhar lá fora.

 

CSS (2005)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Bonde do Role, Copacabana Club e Yelle
Ouça: Acho Um Pouco Bom

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.