Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 24/02/2011

Granede
Brazilian/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/grenadeband

 

Se for para fazer música, que essa seja feita com entusiasmo. Eles podem nunca ter dito isso, mas é assim que parece funcionar o debute homônimo do quarteto paranaense Grenade, lançado em 2004. Formada no final dos anos 90 na cidade de Londrina a banda tem como seu idealizador Rodrigo Guedes ex-integrante da banda piracicabana Killing Chainsaw, uma das pioneiras a se lançarem no rock alternativo ao lado de grupos como Brincando de Deus e Pelvs. Recheado por guitarras diretas e intensas, o álbum é um compendio de canções barulhentas do mais puro rock.

Não se engane, a abertura suave e fundamentada apenas por um violão simplista na música Turn The Page esconde a verdadeira faceta do grupo, que não tarda a se mostrar por completo logo na faixa seguinte. Old Wish define com crueza e seriedade em que se solidifica as composições da banda. Uma guitarra enérgica que poderia estar tanto nos álbuns iniciais do Dinosaur Jr como em qualquer trabalho do Superchunk. É um tipo de som jovial, que em nenhum momento se mostra de maneira compenetrada ou maçante. Uma sucessão de acordes abertos e que mantém suavemente um pé no rock da década de 1970, mas que jamais envereda por sons e rifes clichês.

Cantadas inteiramente em inglês as 16 faixas do álbum transitam por um som menos complexo e que foca com sapiência na distribuição de solos marcantes e simplistas. Um exemplo é Erase Your Head em que a banda despeja uma boa carga de guitarras descompromissadas e um baixo controlador, que tem seu resultado ampliado por conta dos esparsos vocais repletos de reverberações. Ao mesmo tempo em que se apresenta como um álbum que exala juventude é possível perceber a maturidade de seus instrumentistas.

Em meio a diversas faixas energizadas o Grenade consegue também destilar canções mais acalentadoras, como as belas For Her e Top Of My Head. Entretanto, sempre que o grupo chega com alguma composição de menor peso, tenha a certeza de que na sequência uma boa dose de guitarradas e bateria espancada vão assumir a frente em uma sucessão de acertos sem precedentes.

Como a própria banda afirma em seu blog, o trabalho de estreia do Grenade “é um álbum feito em casa”. Todas as faixas foram gravadas ao vivo em estúdio, tendo as vozes e a mixagem feita na casa do próprio Guedes. Isso explica a forma crua como as canções chegam aos ouvidos e todos os ruídos que acabam permeando faixas como Tonight, Leave Me Alone e Going Home. O jeitão caseiro das composições em nenhum momento prejudica o resultado final do disco, pelo contrário, faz o álbum parecer como algum trabalho típico das bandas indie norte-americanas dos anos 90.

No mesmo ano em que o álbum foi lançado a banda foi convidada para integrar uma das primeiras edições do extinto Tim Festival e quem estava lá se surpreendeu. Os que esperavam para assistir aos shows do Libertines e do The Mars Volta na noite do dia sete de novembro de 2004 foram presenteados com um grupo em seu melhor momento, arremessando guitarradas, solos pulsantes e energia para cima do público.

 

Grenade (2004)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Killing Chainsaw, Looking For Jenny e Brincando de Deus
Ouça: Old Wish

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.