Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 28/02/2011

Gram
Brazilian/Indie Rock/Alternative
2002 – 2007

Por: Cleber Facchi

Em 2003 o grupo carioca Los Hermanos acabava de lançar Ventura, terceiro disco de estúdio e o primeiro álbum após o aclamado Bloco do Eu Sozinho (2001). Com o lançamento, o quarteto se consolidava como o maior grupo musical da cena brasileira naquele momento, logo, por todo o país centenas de bandas inspiradas na sonoridade dos cariocas corriam atrás de seu próprio reconhecimento. Outras buscavam alcançar o sucesso desenvolvendo uma sonoridade própria, entre eles o Gram.

Inspirados fortemente pela cena britânica, principalmente Beatles (parte dos membros da banda integraram um grupo de covers do quarteto de Liverpool) e Radiohead, os paulistanos apostavam em canções melódicas, faixas repletas de efeitos de distorção, além de letras criativas carregadas de um denso lirismo. De Revolver à The Bends, o som do grupo é um encontro mais do que natural de múltiplas referências, antigas ou recentes.

É inegável que boa parte do sucesso do grupo se deu por conta do clipe de Você Pode Ir Na Janela, uma animação feita pelo próprio vocalista do grupo, Sérgio Filho, e que se sustentava de forma dolorosa e romântica na história de um gatinho. O clipe que custou “R$ 400,00 e algumas canetas BIC” arremessou a banda para o topo das paradas da MTV Brasil e de boa parte das rádios do país, contudo a faixa não é único bom exemplar do que marca a estreia do grupo.

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Recheado por composições de forte apelo confessional, o primeiro trabalho da banda é um conjunto de belíssimas canções pop embaladas ao som de pianos, sintetizadores e das guitarras marcantes assinadas por Luiz Ribalta e Marcos Loschiavo. Cada uma das dez faixas que compõem o álbum contam com forte potencial radiofônico e carregam as emoções sinceras de Sérgio Filho em suas letras, proposta que serviu para cativar uma boa quantidade de ouvintes por todos o país, fruto de uma bem executada atuação da banda na internet e no princípio das redes sociais.

Entre canções de amor, faixas de despedida e músicas que pintavam o cotidiano de qualquer indivíduo de coração partido, o disco passeia pelas belíssimas Reinvento (Quem inventou você fui eu, porém/ Eu tenho que ‘desinventar’/ Pro Bem), Faça Alguma Coisa (Fiquei tentado ao jogo de te ver só/Será um prazer perceber que você é bem mais/Quando em paz) e É a vida (Eu era bem feliz/ Mas tudo agora é de outra forma/ Você não está aqui e tudo segue outra norma), músicas sempre corrompidas pela tristeza. De forma ampla, o álbum esbanja referências que vão de Star Wars em Seu Troféu à Radiohead na delicada Moonshine, até Placebo em Quase ilusãoGram, tal qual Ventura da mesma época, é um disco melancólico em que a alma do seu compositor é exposta por completo.

Embora a boa repercussão em torno da obra e dos lançamentos seguintes, em 2007 passada uma baixa temporada de shows e a opção do vocalista Sérgio Filho em seguir na carreira publicitária, o grupo encerrou suas atividades. O restante da banda até abriu uma campanha no site oficial da banda em busca de outro novo vocalista, a fim de produzir um novo projeto e dar continuidade ao que fora iniciado com o Gram, porém, nada foi resolvido.  Sobreviveram dois discos de estúdio (o álbum seguinte atende pelo nome de Seu Minuto, Meu Segundo e foi lançado em 2006) e um DVD Ao Vivo gravado para a MTV, além é claro, de uma infinidade de velhos e novos fãs que a cada dia redescobrem a proposta dolorosa que toma conta de cada composição do grupo.

Gram (2003)

Nota: 9.0
Para quem gosta de: Los Hermanos, Pullovers e Ludov
Ouça: Reinvento

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.