Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 22/01/2011

Pública
Brazilian/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/publicarock

Por: Cleber Facchi

Embora a Pública tenha nascido em 2001, seu primeiro trabalho de estúdio só seria lançado cinco anos depois. E é preciso concordar, toda essa espera fez mais do que bem ao grupo gaúcho que soube aproveitar o fértil período musical daquele momento, além de ter muito mais tempo para buscar inspiração no rock britânico dos anos 60 aos 90, referência mais do que clara na sonoridade do grupo. Essa união de sons do passado com o presente resultou em 2006 no seu primeiro álbum de estúdio: Polaris.

A sonoridade da banda formada por Pedro Metz (guitarra e voz), “Guri” Assis Brasil (guitarra), Guilherme Almeida (baixo), Cachaça (bateria) e João Amaro (piano) vinha repleta de referências a grupos como The Strokes, Franz Ferdinand e outros grandes músicos que participavam da cena independente dos anos 2000. Porém era através de artistas como Beatles, The Smiths, David Bowie, Supergrass, Blur e demais bandas vindas do velho mundo que os gaúchos realmente sugavam suas referências. Nada de maneira copiada, apenas o visível resultado de um grupo de garotos que deve ter passado horas trancados em casa ao som de clássicos como Abbey Road e “Heroes”.

Polaris é um trabalho profundamente melancólico e que traz como principal tema de suas composições a solidão. Os personagens das faixas (o Eu-lírico ou o próprio Pedro Metz) são figuras abandonadas, seja por relacionamentos fracassados ou pela angústia de relembrar os velhos tempos. O resultado dessa solidão são canções que tratam de nostalgia (Bicicleta e Tuas Fotos), pós-relacionamentos (Long Plays e Tempo) e a necessidade de se encontrar (Sobre a Estrada). Porém, sempre ao final era visível o sentimento esperançoso e de superação, como nos últimos versos da faixa Precipício (“E hoje estou melhor/ a cada dia mais vontade/ tenho certeza que a sorte insistiu em me ajudar”) e em Long Plays (“No fundo desse poço achei algo que valha à pena”).

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Os acordes tristes de “Guri” Assis Brasil são em boa parte responsáveis por dar vida e sentimentos às composições, contudo são os teclados e o piano de João Amaro que fazem as faixas se soltarem. Long Plays só é a canção tema das pessoas de coração partido, graças ao belíssimo piano que vai potencializando a faixa. Mas é na união de guitarra e piano/teclados que os instrumentistas atingem seu ápice na faixa Bicicleta. A canção que faz parte do primeiro EP lançado pelo grupo ganhava contornos profundamente psicodélicos. O apoio de vozes de crianças e o vocal inspirado de Metz, além do coro dos outros membros da banda transformam a canção em quase um épico fortemente inspirado nas canções lisérgicas do final dos anos 60.

Através da internet e principalmente das redes sociais, o grupo conseguiu uma boa notoriedade pelo Brasil, sendo inclusive indicado na categoria Aposta MTV no VMB de 2007, o que aproximou ainda mais os gaúchos do grande público. Dois anos após a estreia e o grupo voltaria com o disco Como Num Filme Sem Um Fim (2008), em que a banda dava sequência a mesma instrumentação e seguimento dado no primeiro álbum. O novo álbum acabaria recebendo uma série de prêmios, inclusive o de melhor compositor para Pedro Metz, algo que incontestavelmente já deveria ter vindo desde o primeiro disco.

Polaris (2006)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Volantes, Cartolas e Quarto Negro
Ouça: Bicicleta

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.