Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 03/03/2011

Eu Serei a Hiena
Brazilian/Instrumental/Post-Hardcore
http://www.myspace.com/eusereiahiena

 

Por: Cleber Facchi

 

Imagine o encontro entre membros do Ratos de Porão, Dance of Days, Tri Lambda e outras mais bandas do cenário punk/hardcore nacional, trabalhando harmonicamente na criação de um som instrumental. Idealize quatro caras buscando se distanciar de seus projetos originais em prol de um som adornado por toques experimentais e escasso uso de suas vozes. Imaginou? Pois saiba que isso não se resume apenas ao plano do pensamento, mas existe e se chama Eu Serei a Hiena.

Formada da união de Fausto Oi (guitarra), Nino Tenório (bateria), Paulo Sangiorgio Jr (guitarra) e Wash Caffeine (baixo), a banda teve início em 2005, quando os quatro rapazes resolveram partir para a criação de um grupo que viesse a explorar a música instrumental dentro de um padrão sonoro, que fosse distante de tudo que já tivessem trabalhado. Tendo como único ponto em comum a banda norte-americana Fugazi e os sons oriundos de artistas do post-hardcore como At The Drive In, o quarteto lançou no mesmo ano de sua criação um homônimo trabalho de estreia.

O álbum apresentou de maneira categórica o som grupo não apenas aos já iniciados nas estruturas do punk e do hardcore, mas aos desbravadores do cenário alternativo, isso por conta dos pequenos toques experimentais e irreverentes dados as canções. Para preencher os esparsos vocais dentro do disco, o quarteto foi atrás de amigos como Alexandre Cruz da banda Garage Fuzz. Há também a presença de Marcelo Takara (Hurtmold), Rodrigo (Dead Fish), Nekro (Boom Boom Kid), entre outros. Porém, toda a qualidade do álbum funcionaria como um pequeno esboço do que o quarteto entregaria com seu segundo disco.

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Lançado quatro anos após a estreia da banda, Hominis Canidae (2009) segundo disco de estúdio do Eu Serei a Hiena mostra uma profunda evolução dentro do trabalho do grupo. Dotado de um peso maior, ou igual ao primeiro disco, essa sequência do quarteto paulistano chega despejando uma chuva de guitarras colossais dignas de fazer inveja ao que vinha rolando no cenário internacional. As 18 faixas (a maioria instrumentais) que integram o trabalho, em nenhum momento se mostram de maneira repetitiva, pelo contrário, a banda entrega uma pancada sonora atrás da outra sem medo de errar.

Repletas de pequenos enxertos de vocais, as canções contam com mais uma boa carga de músicos e vocalistas do gênero para abrilhantar o trabalho. Até a delicada Isabel “Blubell” Garcia chega para embelezar a faixa Yes (I Do). Contudo é nos momentos mais experimentais e na ausência de vozes, como em Nheengatú que o grupo alcança seu ápice. As guitarras mais viajadas e os inúmeros solos distorcidos ao fundo dão uma espécie de sobriedade excêntrica à canção.

A ausência de uma linha central no trabalho permite que Hominis Canidae seja explorado de inúmeras maneiras, sempre evidenciando diferentes tonalidades e variações. Todas as diferentes influências dos integrantes da banda parecem convergir em cada uma das canções, alternando momentos de rapidez, peso, melodia, emoção, sempre com um detalhamento impecável.

 

Hominis Canidae (2009)

 

Nota: 8.4
Para quem gosta de: Gigante Animal, Againe e Twinpine(s)
Ouça: Hominis Canidae

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.