Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 04/03/2011

Cordel do Fogo Encantado
Brazilian/Experimental/Alternative
1999 – 2010

Por: Cleber Facchi

Música, teatro, poesia, regionalismos, literatura de cordel e inúmeras referências marcaram a sonoridade e a performance da banda pernambucana Cordel Do Fogo Encantado. Surgindo como um espetáculo teatral, o projeto mais tarde se revelou um dos trabalhos mais entusiasmantes da música brasileira contemporânea, atingindo contingentes internacionais, levando a música nordestina para muito além do território nacional.

Do encontro entre José Paes de Lira (Lirinha), Clayton Barros e Emerson Calado surgiu o espetáculo de poesia e teatro Cordel do Fogo Encantado na cidade pernambucana de Arcoverde. Por mais de dois anos o espetáculo circulou em diversas cidades do interior do estado, em que aos poucos foi se transformando e agregando elementos cada vez mais musicais. A sonoridade, que antes ligava os intervalos entre uma poesia e outra gradativamente foi se expandindo, até atingir um formato quase integral de banda. Porém há muitas mais referências dentro do cerne do grupo.

Com a chegada dos dois percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida ainda no final dos anos 90 a banda passou a incorporar elementos do Samba de Côco, da música africana, do Reisado e diversos outros elementos, que contribuíram para a ampliação da sonoridade e das apresentações da banda. Após um amplo número de espetáculos por todo o nordeste o quinteto resolve de vez gravar seu primeiro disco de estúdio, feito que se concretizaria em 2001 com o lançamento de um trabalho com 18 faixas de puro lirismo e criatividade musical.

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Através da produção do percussionista recifense Naná Vasconcelos, a estreia do grupo mostrou um profundo amadurecimento nas criações do CDFE, tanto no quesito instrumental quanto poético. O formato teatral das apresentações ao vivo conseguiu ser adaptado para dentro do álbum da banda de maneira categórica, evitando que toda a energia do show acabasse inviável dentro do álbum.

Nas quase 20 faixas que perpassam o disco, o quinteto de Arcoverde se especializa na criação de canções tomadas por uma percussão primorosa, no uso constante de vocais em coro e na inclusão de instrumentos acústicos perfeitamente encaixados. O violonista Clayton Barros coordena seu instrumento de maneira categórica no decorrer do disco, costurando os elementos percussivos com uma propriedade única ao longo de todo o trabalho. O bom funcionamento do trabalho rendeu ao grupo uma grande quantidade de apresentações por todo o país, além de uma boa aceitação da crítica e da criação de um público fiel.

Logo no ano seguinte a banda chegaria com O Palhaço do Circo Sem Futuro, seu segundo disco de estúdio. O reconhecimento do trabalho do grupo seria tanto, que os mesmos acabariam excursionando pela Bélgica, França e Alemanha, além de se firmarem como uma das bandas brasileiras mais importantes dos anos 2000. Após o lançamento de mais um disco – Transfiguração (2006) – a banda encerraria suas atividades em fevereiro de 2010, com Lirinha partindo para carreira solo e finalizando assim mais de uma década de boas apresentações e trabalhos qualidosos com o Cordel do Fogo Encantado.

Cordel do Fogo Encantado (2001)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e Mombojó
Ouça: Chover (Ou invocação para um dia líquido)

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.