Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 09/03/2011

De Leve
Brazilian/Hip-Hop/Rap
http://dicamelim.blogspot.com/

 

Por: Cleber Facchi

Depois de polemizar com seu trabalho de estreia por meio de letras nada polidas, entrar em conflito com a antiga gravadora por ter distribuído músicas do disco via internet e constranger o público em sua apresentação no extinto Tim Festival, Ramon Moreno de Freitas e Silva o De Leve, não poderia fazer feio em seu segundo disco. Denominado Manifesto ½ 171 (2006), o álbum mostra o rapper carioca atirando para todos os lados, de gente feia a estudantes recém formados, ninguém passou incólume em suas composições.

Embora não pareça, o rapper tem papel fundamental na distribuição da música via rede. Membro do grupo de hip-hop Quinto Andar, De Leve foi um dos primeiros a disponibilizarem seu trabalho através da rede de compartilhamento Napster no começo dos anos 2000, quando a internet iniciava sua expansão pelo país. A popularização de Introduzindo De Leve EP (2001) contribuiu para que dois anos depois fosse lançada sua estreia – O Estilo Foda-se (2003) – com distribuição feita pela Sony Music.

Porém, com o mesmo dizendo “Pode baixar é da internet” logo no começo do álbum, os desentendimentos com o selo seriam mais do que naturais. Livre de gravadora o rapper partiria para o último trabalho ao lado do Quinto Andar – a banda encerraria suas atividades após lançar o disco Piratão em 2005 – antes de voltar com seu segundo disco solo, Manifesto ½ 171.

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Se com o primeiro álbum o carioca preparava seus versos contra KLB, Sandy, Jorge Vercilo, Gilberto Gil e Zeca Baleiro, a personalidade da vez seria o conterrâneo Marcelo D2. O ex-integrante do Planet Hemp é o grande alvo dentro desse novo disco, o próprio nome do álbum de De Leve é uma brincadeira sobre a grife de D2 a “Manifesto 33 ½”. Em Rolé de Camelim, por exemplo, o rapper reconfigura trechos da música Qual É de Marcelo D2 para criticá-lo.

Outra faixa que conseguiu enorme repercussão dentro do álbum foi Diploma. Os versos diretos de De Leve atacam desde advogados recém formados (Cê se formou advogado, mas não passou na OAB/ Relaxa, tem mais de cinco mil neguin, que nem você) a jovens jornalistas (Você é jornalista, a família acha lindo/ O exemplo pros irmãos, pela mãe sempre bem vindo). Em 2009 enquanto apresentava tal canção na segunda edição da Campus Party, o rapper e sua banda foram obrigados a se retirar por conta de pressão do público local que sentiu-se ofendido com a faixa.

O lançamento do álbum ocorreu no novo site do rapper, tendo cada uma das onze canções do disco disponibilizadas para download de maneira gratuita. De Leve entregaria ainda, via Creative Commons, todas as faixas com seus canais separados, liberando a qualquer interessado a possibilidade de remixar as músicas. Em 2009 viria seu terceiro trabalho de estúdio, De Love, mas uma coleção de composições irônicas e feitas na medida para polemizar ou fazer rir.

 

Manifesto ½ 171 (2006)

 

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Quinto Andar, Emicida e Black Alien
Ouça: Diploma

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.