Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 12/03/2011

Walverdes
Brazilian/Alternative Rock/Rock
http://www.myspace.com/walverdes

Por: Cleber Facchi


Enquanto o Rio Grande do Sul ainda explodia com o fenômeno de bandas como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós nos princípios da década de 90, com o nascimento do Walverdes em 1993 a possibilidade de explorar novas formas de fazer música estava lançada. Ao invés de darem continuidade ao mesmo tipo de som que há mais de uma década assolava o cenário regional, o grupo deu sequência a um som muito mais pesado e enérgico, que muito se diferenciava de tudo que havia sido lançado até então.

Todo o mar de referências, que iam de Nirvana à MC5 ou de The Stooges à Mudhoney banhariam a enérgica discografia da banda em sua completude, mas só alcançaria seu pico de criatividade e coerência em 2005 através do lançamento do álbum Playback. Guitarras rasgadas, bateria tocada de maneira desesperada e um baixo explosivo comandariam cada segundo desse quinto disco da carreira da banda, aquele que funcionaria como uma grande síntese da sonoridade dos gaúchos.

Depois de um disco lançado de maneira totalmente independente (Demasiada Seqüela, 2004), dois trabalhos pela Monstro Discos (90º e Anticontrole), um álbum pela Barra Lúcifer Records (Walverdes, 1997), além de diversas demos, esse novo álbum seria o primeiro em parceria com o recente selo paulistano Mondo 77. Em relação aos anteriores trabalhos da banda o peso e a agilidade da instrumentação eram praticamente os mesmos, a grande diferença seria em ver a banda fluindo de maneira mais acessível e quase pop.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=qVKLWQ6Pzwc]

Durante pouco mais de 40 minutos o trio Gustavo “Mini” Bittencourt, Marcos Rubenich e Patrick Magalhães destila uma série de rifes certeiros que vão buscar referências em diversos anos da história do rock. Do protopunk dos anos 60 e início da década de 1970, passando pelo grunge, além de uma visível aproximação com o stoner rock de grupos como Queens Of The Stone Age. A banda inclusive de fazer reggae em uma faixa bônus escondida ao término do álbum.

Playback é direto da primeira à última faixa. Nada de enrolação, firulas ou canções alongadas em demasia. O disco tem início com a pegajosa Seja Mais Certo (cujo clipe concorreu no Vídeo Music Brasil daquele ano na categoria melhor clipe independente), logo na sequência Altos e Baixos chega tirando o máximo da bateria e das guitarras do grupo, sem contar com Eu Não Dou Explicação, fruto típico dos anos 90. Faixa mais curta do disco, Não Vou Sair Daqui com seus exatos dois minutos manda uma sucessão de distorções que aceleram cada vez mais com o passar dos segundos.

Ao lado de grupos como MQN e Black Drawning Chalks, o trio gaúcho consegue com esse álbum se firmar como um dos artistas mais essenciais do rock alternativo nacional. Com peso e distinção, a banda mostra que não é preciso muito esforço para construir um bom álbum, apenas o bom emprego de uma instrumentação vigorosa, inserções enérgicas e o puro espírito do rock.

 

Playback (2005)

 

Nota: 8.5
Para quem gosta de: MQN, Superguidis e Black Drawing Chalks
Ouça: Eu Não Dou Explicação

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.