Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 17/03/2011

Autoramas
Brazilian/Rock/Surf Music
http://www.myspace.com/autoramas

 

Por: Cleber Facchi

Depois de ter contribuído de maneira fundamental para o rock da década de 1990, Gabriel Thomas resolveu partir pra outra, dando seguimento a um som ainda mais dançantes e referencial. Responsável por um bom número de músicas compostas para bandas como Ultraje à Rigor e Raimundos, além de ter brilhado ao lado do Little Quail and The Mad Birds, o músico e alguns parceiros foram atrás da sonoridade de múltiplas épocas, criando assim em 1997 o Autoramas.

Foi só depois de definidos os demais membros – Bacalhau (ex-Planet Hemp) na bateria e Simone do Vale (baixo), além do próprio Thomas na guitarra – que a banda partiu para suas primeiras apresentações ao vivo. Primeiro registro do grupo, Stress, Depressão e Síndrome do Pânico (2000) traz o mesmo conjunto de letras engraçadinhas fomentadas pelo líder Gabriel, somado a sonoridades diversas, que vão da New Wave ao Surf Rock, passando pela Jovem Guarda e o Rockabilly.

Para a produção do disco, o trio convidou o músico e produtor Carlo Bartolini, responsável em grande parte pela discografia do Ultraje à Rigor nos anos 80, além de já ter trabalhado ao lado de grupos como Ira!, Sepultura, Sheik Tosado e Jorge Benjor. O resultado se traduz em 13 faixas que passeiam por incontáveis eras da música, tendo sempre como liga principal o rock. Lançado de maneira independente através do selo Astronauta Discos, o álbum contou ainda com a distribuição através da Universal Music, contribuindo para a popularização do trabalho.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JzVgcxpIvPA]

Ouvir cada uma das faixas do disco é sem dúvidas um exercício de exaltação ao ego. De Fale Mal de Mim, passando por Ex-Amigo até Eu Não Morri, as letras de Gabriel Thomas tratam da superação do indivíduo, sejam elas ligadas a amores problemáticos, términos de amizade, vaidades ou assuntos banais. Porém, enquanto outros compositores tratam da figura do eu lírico de maneira muitas vezes melancólica ou reflexiva, Thomas se sobrepõem a isso, explorando tudo com bom humor e sacadas nada superficiais.

O Autoramas, porém, não vive apenas de boas letras, valendo-se de uma instrumentação perspicaz para atrair os olhares e ouvidos de seu público. A maior prova disso está em Jogos Olímpicos, através do belo uso da guitarra de Thomas, do baixo distorcido de Do Vale e da bateria precisa de Bacalhau. Outra que consegue fazer todo esse retrospecto aos anos 60 e a surf music, sem perder sua contemporaneidade é Bahamas, uma pérola instrumental de puro capricho e energia.

A boa aceitação do álbum faria com que o grupo excursionasse por quase todo o país, numa série de apresentações que contabilizou mais de 80 shows, sem contar uma participação na terceira edição do Rock In Rio. Não apenas as apresentações, mas o bom desempenho do disco daria continuidade ao projeto, que futuramente nos entregaria um bom número de lançamentos fundamentais ao rock dos anos 2000. Thomas deixava de ser apenas um singelo contribuinte, como fora nos anos 90, para brilhar com seu próprio nome. RRRRRRRRRRRRRRROCK!

 

Stress, Depressão e Síndrome do Pânico (2000)

 

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Little Quail and The Mad Birds, Ecos Falsos e Canastra
Ouça: Catchy Chorus

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/7816211″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.