Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 22/03/2011

Pato Fu
Brazilian/Pop/Experimental
http://www.myspace.com/patofu

Por: Cleber Facchi

Após uma bem sucedida carreira ligada a Sony-BMG, os mineiros do Pato Fu resolveram de vez se aventurar pelo terreno da independência, voltando aos primórdios, quando lançaram seu primeiro álbum Rotomusic de Liquidificapum (1993). Ausentes de amarras o quinteto formado por John Ulhoa, Fernanda Takai, Ricardo Koctus, Xande Tamietti e Lulu Camargo (agregado como membro após o registro ao vivo do grupo) partia definitivamente para uma nova etapa, revigorados e com a criatividade à mil.

Sétimo disco de estúdio da banda, Toda Cura Para Todo Mal (2005) vale-se dos mesmos elementos pop que marcaram toda a trajetória do grupo, embora chegassem de maneira muito mais resolvida, fácil e criativa. O álbum surge agregando elementos de cada um dos anteriores trabalhos da banda, fragmentando elementos como o Trip-Hop, o experimentalismo e um pop suavizado, reagrupando tudo de forma prática e que se orienta pelas boas letras e sons adocicados do trabalho.

Mais do que nunca John Ulhoa (que também produz o disco) brinca como ninguém com as palavras. As letras inteligentes, irônicas e grudentas já haviam encontrado sua fórmula no anterior lançamento da banda, Ruído Rosa (2001), em que a banda finalmente abandonava algumas composições excessivamente excêntricas e que por vezes inviabilizavam seus discos. No sétimo álbum, porém, Ulhoa trata de temas comuns, de maneira comum, mas sem soar simplista ou precário demais. A fórmula estava pronta, bastava ao compositor apenas aplicá-las.

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Há espaço para todos os tipos de temas dentro do trabalho do grupo mineiro. Desde canções mais “críticas”, como em Estudar Pra Quê? e Boa Noite Brasil (esta com participação da portuguesa Manuela Azevedo, da banda Clã), até pequenas doses de nonsense, como em O que é isso? ou mesmo toques de “auto-ajuda” na ótima Uh Uh Uh, Lá Lá Lá, Ié Ié.

Porém, nada se compara quando John fala de amor. Da açucarada e declaradíssima Anormal na abertura do disco, passando pela sentimental Agridoce, além da historieta romântica No Aeroporto, o músico sabe como ninguém como emocionar utilizando-se das palavras certas. Entretanto, os sempre coerentes vocais de Fernanda Takai tomam cada uma dessas faixas como suas, que quando somado ao belo som das faixas culmina em um trabalho perfeito.

Bem recebido tanto pela crítica, quanto pelo público, Toda Cura Para Todo Mal figurou fácil pelos principais lançamentos daquele ano. O disco se complementa com um DVD que coleta todos os clipes do álbum dirigidos por diferentes nomes, como o cartunista Laerte. Cada uma das 13 faixas do registro são singles fáceis e viciantes, um disco pop do começo ao fim, que não apenas engrandece a ótima discografia da banda, mas deve ser visto como exemplo para qualquer artista do gênero.

Toda Cura Para Todo Mal (2005)

Nota: 8.9
Para quem gosta de: Ludov, Wonkavision e Fernanda Takai
Ouça: Boa Noite Brasil

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.