Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 23/03/2011

Banda Gentileza
Brazilian/Indie Pop/Alternative
http://www.myspace.com/gentileza

Por: Cleber Facchi

Quando se fala sobre a importância do Los Hermanos dentro do recente cenário musical brasileiro é sobre trabalhos como este debut da Banda Gentileza, que a relevância está relacionada. Porém, reduzir o autointitulado disco de estreia da banda curitibana a uma mera e desinteressante cópia seria não apenas um erro, mas burrice. O álbum lançado em 2009 mostra não somente um grupo livre de qualquer tipo de amarra, como também, dono de um som próprio, vívido e único.

A homônima estreia de Artur Lipori (trompete, guitarra, baixo), Diego Perin (baixo, concertina), Diogo Fernandes (bateria), Emílio Mercuri (guitarra, violão, viola caipira, ukelele), Heitor Humberto (vozes, guitarra, violino, cavaquinho) e Tetê Fontoura (saxofone, teclado) teria inicio no começo dos anos 2000, quando a “banda” se resumia apenas à presença de Heitor. Passado o tempo, novos personagens agregados ao grupo e o projeto Heitor e Banda Gentileza estaria pronto. Rifa-se o primeiro nome e temos a banda que conhecemos hoje.

Com produção de Plínio Profeta – que já trabalhou com nomes como Lenine, Tiê e Lucas Santtana – o álbum é uma bem amarrada coleção de sons que passeiam por inúmeras origens e estilos. Há desde música dos Bálcãs, passando por um indie pop repleto de orquestrações, musica brega, samba, sertanejo de raiz e até stoner rock (!). Entretanto, tudo vem encaixado de maneira funcional evitando que o disco vire uma enorme farofa musical.

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As composições vão desde casos de amor corriqueiros (Coracion, Piá de Prédio), elementos do cotidiano (Preguiça) e até momentos nonsenses (Sempre Quase). O casamento coerente entre música e letra acaba por fim resultando em belos achados musicais, como a sincera Teu capricho, meu despacho, faixa me mescla versos como “Saibas que eu só lamento/ Se, negando o casamento/ Eu te faça soluçar” com uma bem inserida viola caipira. Até Reginaldo Rossi acaba figurando em O Indecifrável Mistério de Jorge Tadeu, através de versos da faixa Garçom.

Enquanto os referenciais Los Hermanos, em seu clássico contemporâneo Bloco do Eu Sozinho (2001), destilam composições sofridas e repletas de amargura, em Banda Gentileza o sofrimento também se faz presente, porém vem expresso de maneira mais conformada e até denotado certa ironia. Como se vê em faixas aos moldes de O Estopim e Afinal de Contas (com um belo jogo de palavras).

É difícil situar o som da Banda Gentileza dentro de um gênero ou padrão musical. Em cada um dos estilos em que o grupo se aventura, o cuidado e a precisão fluem de maneira absurda, quase como se fossem várias bandas dentro de uma única confraria. Gravado de maneira independente e distribuído de forma gratuita no site dos curitibanos, a estreia acabou pipocando como um dos melhores registros de 2009, feito mais do que merecido mediante a qualidade e a pluralidade de sons que compõem tal disco.

Banda Gentileza (2009)

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Apanhador Só, Pullovers e Charme Chulo
Ouça: Sempre Quase

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.