Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 26/03/2011

Mombojó
Brazilian/Alternative/Experimental
http://www.myspace.com/mombojo
http://www.mombojo.com.br/

 

Por: Cleber Facchi

De um lado os que os tratavam apenas como mais uma banda seguindo os passos do Los Hermanos, do outro os que tentavam de alguma forma enquadrá-los dentro do cenário manguebeat que há décadas circundava a cidade de Recife. Entretanto, em meio a tantas comparações houve aqueles que conseguiram ver a originalidade dos então novatos do Mombojó, que logo em seu trabalho de estreia nos surpreendiam tamanha a qualidade de suas composições.

Unindo elementos que vão do samba, passando pelo rock alternativo, inserções de música eletrônica, toques de sons regionais, experimentalismos, criatividade e até um pouco de carisma. Rapidamente a banda formada por Chiquinho, Felipe S, Marcelo Machado, Samuel, Vicente Machado e Rafael Virgilio saiu do completo anonimato para figurar através das principais publicações de todo o país. Poucos foram os que torceram a cara para os pernambucanos e muitos foram os imediatos fãs que surgiram ao apreciar a pequena obra do grupo.

Em meio aos vocais tímidos e desafinados de Felipe S moram versos detalhados que falam de amor, como acontece em Adelaide (O que eu entendo por ser meu/ É tudo que eu posso te dar/ O meu amor, mas primeiro eu/ Preciso saber se você vai gostar), canções sofridas aos moldes de Duas Cores (Andando reto, sem destino/Vivendo sempre do passado/ Não quero mais me desmentir/ Eu não vou mais te procurar) ou a pura amargura como acontece em Merda (E tô torcendo pra você ficar na merda/ Como eu também estou nessa merda).

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Mais do que um belo encontro entre som e poesia (que só por isso já justificaria toda a perfeição do trabalho) Nadadenovo (2004) é um álbum que se firma por seus detalhes. Sejam as pequenas inserções de flautas como se desenvolve em Deixe-se Acreditar, ou os teclados delicados de Baú, mesmo os vocais auto-tunados do vocalista em A Missa, tudo é feito de maneira minuciosa e coerente ao longo de todo o registro.

Tal qual o nome do trabalho, a estreia do Mombojó bebe de inúmeras fontes distintas em seu desenvolvimento, porém, mesmo que não nos proporcione nada de novo, a maneira com que a banda reconfigura suas influências faz com que soem como únicas e suas. Há espaço para a surf music, alguns picos de lounge, além de sons que remetem aos conterrâneos do Mundo Livre S/A. Não se ficando a nada (ou quase nada) o grupo dissolve várias provas e testes de sons puramente atrativos.

Produzido de maneira independente e distribuído na página da banda para download gratuito, Nadadenovo serviu como um pequeno experimento para fisgar os ouvintes, criando uma pequena legião de fãs que tinham nas apresentações ao vivo da banda a intensidade das canções dobrada e ainda mais sedutoras. Embora a banda tivesse nascido em 2001 era a partir desse disco que ela realmente passava a existir, e não apenas como mais um simples grupo de musica no Brasil, mas única e simplesmente como o Mombojó.

 

Nadadenovo (2004)

 

Nota: 9.0
Para quem gosta de: China, Eddie e Otto
Ouça: Deixe-se Acreditar

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.