Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 04/04/2011

Maquinado
Brazilian/Alternative Rock/Experimental
http://www.myspace.com/maquinado

 

Por: Cleber Facchi

Parte fundamental de toda a discografia do Nação Zumbi (desde a época de Chico Science), o guitarrista Lúcio Maia é o responsável por dar todo o toque de psicodelia a banda, por meio de seus solos viajados e sempre bem construídos, mas teria ele potencial para se lançar em carreira solo, livre de toda a gama instrumental que acompanha sua banda de origem? A resposta para essa pergunta viria com um sonoro “sim” em 2007, através do lançamento de seu primeiro projeto sob o nome de Maquinado.

Porém, quem esperava por ver o músico pernambucano se virando sozinho em seu disco de “estreia’ acabou tendo uma bela surpresa ao apreciar Homem Binário (2007). O álbum é Lucio Maia do começo ao fim, contudo, ele não está sozinho. O recifense chega acompanhado de boa parte dos integrantes do Cidadão Instigado, amigos do Nação Zumbi, Mombojó, Mamelo Sound System, Mestre Ambrósio e claro, uma instrumentação diversificada, mas que remete a todo momento à sua banda de origem.

No abrir do disco já somos atingidos por uma enxurrada de sons inconstantes, acordes distorcidos e boas doses de guitarras viajadíssimas em Arrudeia. Brincando entre o orgânico e o eletrônico, a composição instrumental é a mais sincera mostra do que encontraremos durante todo o álbum, um belo aquecimento para o que o músico preparava aos ouvintes. Na sequência Maia une toques de regionalismo e hip-hop em Não Queira Se Aproximar, deixando com que sua guitarra repleta de suingue vá amarrando tudo de forma criativa e repleta de ginga.

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Elemento de grande relevância dentro do disco, o Rap chega representado pelas ótimas Ta Tranquilo e Eletrocutado. Na primeira, Lúcio Maia chama o rapper carioca Speedy (morto em 2010) para rechear a faixa com diversas referências lisérgicas e dar ritmo mais do que acelerado à composição. Na segunda é Rodrigo Brandão do Mamelo Sound System quem chega para dar uma forma um pouco mais relaxada ao disco.

As participações, porém, não se resumem apenas às canções marcadas pelo hip-hop, mas em diversos outros momentos do registro. Há desde Marcelo Jeneci na suave Sem Conserto, Siba (Mestre Ambrósio) em Alados, Felipe S (Mombojó) na pacata Se despeça dos seus argumentos (que muito lembra Mundo Livre S/A). Chegam também os parceiros da Nação Zumbi Dengue, Toca Ogam e Jorge Du Peixe, este último emprestando seus vocais em O Som, faixa que muito se assemelha ao som proposto pela banda dos mesmos no disco Futura (2005).

O grande feito de Homem Binário não está em ter Lúcio Maia passeando pelo álbum com sua guitarra em mãos de maneira formidável, mas em dar ao registro uma aura solta e repleta de parecerias, que fazem do disco uma grande conversa de bar, um belo encontro entre amigos musicado. O trabalho não apenas aponta como acerta todas as direções (e são várias) em que dispara suas melodias. Um grande e multifacetado recorte sonoro, um disco solo, mas com total aparência de banda.

 

Homem Binário (2007)

 

Nota: 8.5
Para quem gosta de: Nação Zumbi, Los Sebosos Postizos e Mundo Livre S/A
Ouça: Eletrocutado

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.