Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 07/04/2011

Zefirina Bomba
Brazilian/Noise Rock/Garage
http://www.myspace.com/zefirinabomba

 

Por: Cleber Facchi

Apesar de parecer alheio ao que se desenvolvia no cenário nacional naquele momento, o disco de estreia dos paraibanos do Zefirina Bomba estava mais do que antenado com o que rolava no cenário internacional durante o mesmo período. A profusão de bandas calcadas na musica noise e no garage rock, que lá fora caminhavam a passos largos tinham no trio de João Pessoa o seu representante brazuka. Sujo, barulhento e feito para ser berrado, Noizecoregrooveenvenenado (2006) é de longe uma das estreias mais explosivas do nosso rock nacional.

Anote os nomes: Ilson (viola), Martin (baixo) e Guga (bateria), estes são os três responsáveis pela sequência de 15 músicas envenenadas em distorção, acordes ensurdecedores e vocais quase inaudíveis que compõem o primeiro disco de estúdio do Zefirina. Por mais que a sujeira permanente que se abriga nas canções desponte todo um caráter caseiro e Lo-Fi, o registro foi todo realizado sobre a batuta dos Estúdios da Trama, para posteriormente ser lançado de maneira gratuita no perfil do trio na Trama Virtual.

Na época de seu lançamento o disco separou o público em dois grupos: o primeiro era formado por ouvintes que simplesmente acharam o trabalho excessivamente barulhento, não entendendo a mescla de guitarras estouradas, surf music distorcida e gritarias generalizadas. O outro grupo era formado por indivíduos, que mesmo sem entender boa parte do que cantava a banda, se jogaram de vez naquele mar de ruídos e barulheiras descontroladas. Esse segundo grupo foi o que de fato saiu ganhando.

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O caldeirão de referências que compõem esse singelo registro agrega desde elementos da década de 1960, mais especificamente uma carga de sons vindos do MC5, além da crueza e estética despojada do punk rock. Some a isso ecos de grunge e o indie rock barulhento do John Spencer Blues Explosion, cozinhe tudo nas quentes terras nordestinas e pronto, você tem exatamente o que a banda constata no título do trabalho, um noizecore repleto de groove e envenenadíssimo.

Da barulheira sem limites gerada dentro do álbum pintam as monumentais Teus Olhos e O Que ela tem? duas composições que mandam para cima do ouvinte uma avalanche de distorções e uma bateria pesada. Sempre na transição entre um e dois minutos de duração, sobra até tempo para a banda brincar com o pop através da pegajosa O que eu não fiz, canção que mesmo permeada pela sujeira proposital do trio consegue resultar em um produto puramente radiofônico.

Grande parte da funcionalidade desse disco está no fato do Zefirina Bomba ter transferido toda a energia de suas apresentações ao vivo (com direito ao vocalista Ilson quebrando a viola no palco) para dentro do álbum. Noizecoregrooveenvenenado (vai demorar para que alguém lançe um título tão bom quanto este) é um trabalho que não carece de enrolações, sendo tocado de forma direta e jovial da primeira à última faixa.

 

Noizecoregrooveenvenenado (2011)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Walverdes, Superguidis e Ecos Falsos
Ouça: O que eu não fiz

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.